A Stone (NASDAQ:STNE) obteve um compromisso de financiamento de US$ 467,5 milhões (o equivalente a R$ 2,3 bilhões) com a United States International Development Finance Corporation (DFC), agência do governo dos Estados Unidos. Os recursos serão destinados à antecipação de recebíveis com foco em micro, pequenas e médias empresas (MPEs) lideradas por mulheres ou que tenham a maioria do quadro de funcionários composta por elas, e principalmente às empresas das regiões Norte e Nordeste do País.
A transação é a maior do DFC no Brasil, e também a primeira securitização em dólar, em larga escala, lastreada em recebíveis em reais, e também a primeira de uma instituição financeira que não está no S1, o grau de classificação ocupado pelos grandes bancos. A Stone tem seis meses para sacar os recursos e o prazo final é de sete anos. A companhia deve buscar a melhor janela de mercado para fazer o desembolso, dado que a quantia foi concedida em dólar.
"Faz parte da estratégia da companhia expandir nossas fontes de financiamento. Os depósitos de clientes vão começar a ser utilizados, mas a maior parte do nosso funding é de atacado. Este é o primeiro passo de uma securitização internacional", afirmou Diego Salgado, diretor de tesouraria da Stone.
A diretora de impacto da Stone, Carolina da Costa, afirma que a companhia busca dar apoio a pequenas empresas através da antecipação de recebíveis. "Sabemos que essas populações têm uma dificuldade histórica de conseguir crédito", diz. Segundo ela, a base da Stone tem perfil similar ao do empreendedor brasileiro, com as mulheres respondendo por pouco menos da metade dos pequenos negócios.
Não há um compromisso formal de oferecer os recursos a taxas mais baixas, mas como a Stone tem de alocá-los junto aos públicos definidos no acordo, a empresa precisa ser competitiva no segmento. "Se por ventura não estivermos sendo competitivos nessa base, vamos ter de baixar preços", disse o executivo.
A Stone espera que a alocação dos recursos no mercado seja rápida. Nos 12 meses entre setembro de 2022 e setembro deste ano, a companhia processou R$ 395 bilhões em pagamentos. Embora não revele o quanto desse volume foi antecipado pelos clientes, Salgado afirma que a expectativa é de um giro relativamente rápido.
O diretor de Tesouraria diz ainda que a empresa está buscando financiamentos junto a outras agências de fomento, justamente para mostrar ao mercado os tipos de público em que atua. Segundo Salgado, a empresa deve fechar novos acordos em breve, mas ele não deu maiores detalhes.