SÃO PAULO (Reuters) - A Suzano iniciou oferta de contratos anuais de venda de celulose com preço fixo, em uma estratégia para reduzir volatilidade nos preços da commodity e em um momento em que a empresa conseguiu aprovar a fusão com a rival Fibria (SA:FIBR3) junto a autoridades regulatórias globais.
Segundo o diretor da área de celulose da Suzano, Carlos Aníbal, a companhia está oferecendo contratos para o fim de 2019 com preços de lista baseados nos níveis atuais. A companhia normalmente oferece contratos anuais, mas os preços variam ao longo da vigência.
"Estamos neste momento oferecendo contratos para 2019, para reduzir a volatilidade na composição de custos de nossos clientes", disse o executivo em teleconferência com analistas sobre a aprovação da incorporação da Fibria perante autoridades regulatórias mundiais.
A estratégia acontece em um momento em que as próprias empresas produtoras de celulose avaliam que o mercado global seguirá pelos próximos dois anos pelo menos com uma relação de oferta e demanda apertada, o que tenderia a favorecer novos aumentos de preços.
Mais cedo, a Klabin (SA:KLBN11) afirmou que a oferta de fibra de celulose no mundo continuará bastante justa nos próximos dois anos, com o aumento da oferta não conseguindo alcançar a expansão na demanda. A própria Suzano, durante a teleconferência, afirmou que tem uma "visão positiva" sobre o cenário para a relação de oferta e demanda da commodity no mercado global nos próximos dois anos.
Em relatório a clientes, o analista Marcos Assumpção, do Itaú BBA, afirmou que, embora o novo formato de contrato seja positivo ao reduzir significativamente a volatilidade do mercado de celulose, pode marcar um sinal de que a Suzano esteja na realidade vendo um espaço limitado para altas nos preços em relação aos níveis atuais de 760 a 770 dólares a tonelada. Na estimativa do analista, o preço da celulose em 2019 está previsto em 730 dólares a tonelada.
Questionado sobre os motivos para a Suzano ofertar preço fixo nos contratos, o presidente da Suzano, que continuará no comando da companhia a ser formada com a Fibria a partir de janeiro, enfatizou o aspecto de "excepcionalidade" da oferta.
"O mercado está bastante apertado para o ano que vem e tivemos muitos clientes pedindo estabilidade de preço... Decidimos adotar excepcionalmente neste ano", disse Walter Schalka, a jornalistas. Ele acrescentou que a oferta não tem limitação sobre o volume contratado, mas a Suzano não aceitará acertos com vigência maior que um ano.
"É uma decisão da companhia voltada para nossos clientes. Nossos clientes tiveram em 2017 e 2018 crescimento de preços que pressionou as margens deles em algumas regiões e em especial no mercado de tissue", disse Schalka. "Não estamos sendo bonzinhos, nem gentis, nem malvados. Queremos dar uma opcionalidade de terem margens mais estáveis", acrescentou.
Segundo ele, a demanda principal pelos contratos de preço fixo veio da Europa.
NOVA SUZANO
A nova empresa formada a partir da união da Suzano com a Fibria iniciará atividades em 14 de janeiro e se chamará Suzano SA. Além de manter Schalka no comando, a Suzano SA também terá como vice-presidente financeiro Marcelo Bacci, que já exerce a função na Suzano Papel e Celulose (SA:SUZB3).
A nova Suzano terá ainda Carlos Aníbal no comando da área de celulose, mantendo posição que já exerce na Suzano atual. Mas a gestão da divisão será compartilhada com Aires Galhardo, diretor de operações da Fibria. Também manterão seus postos na nova empresa Leonardo Grimaldi, na divisão de papel, e Alexandre Chueri, na área florestal.
Schalka evitou fazer qualquer menção a estimativas de sinergias a serem obtidas com a Fibria, afirmando apenas que 90 por cento delas serão conseguidas nos dois primeiros anos de companhia combinada. Uma estimativa somente será divulgada pela empresa em janeiro.
O executivo também não fez projeções de investimento da nova companhia, mas afirmou que a Suzano SA continuará investindo em aumento de base florestal em todas as regiões onde está presente no Brasil.
O objetivo é reduzir o raio médio que separa as máquinas de produção de celulose da companhia de florestas de eucalipto, um dos principais componentes do custo da empresa. Além disso, a expansão florestal também servirá para fazer frente a uma "eventual decisão de expansão orgânica. Com o mercado crescendo, isso nos permite crescer orgânica ou inorganicamente", disse Schalka.
As ações da Suzano tinham alta de 4,8 por cento às 16h03, desacelerando os ganhos em relação à máxima alcançada mais cedo, quando subiu 7,9 por cento. No mesmo horário, as ações da Fibria, que deixarão de ser negociadas em 3 de janeiro, avançavam 1,27 por cento e o Ibovespa mostrava alta de 0,42 por cento.
(Por Alberto Alerigi Jr.)