SÃO PAULO (Reuters) -A Suzano (BVMF:SUZB3) deve manter os estoques de celulose abaixo de um nível ótimo de operação, em meio a um mercado com queda de demanda em algumas regiões e perspectivas de entrada de novas capacidades produtivas no futuro próximo, disseram executivos da companhia nesta sexta-feira.
"Cometemos um erro em 2019 quando tivemos um grande aumento de estoques...Vamos manter em nível baixo agora", disse o presidente da Suzano, Walter Schalka, em conferência com analistas.
A companhia divulgou na noite da véspera queda de 49% no lucro líquido no primeiro trimestre em relação a igual período do ano anterior, em resultado impactado principalmente por menores preços de celulose e vendas.
"Não acredito que o nível de preço atual (da celulose) seja sustentável no longo prazo", disse Schalka.
A analista Mary Silva, do BB Investimentos, avaliou que os números da Suzano mostraram o enfraquecimento gradual da rentabilidade operacional do segmento de celulose, diante da queda dos preços da matéria-prima do papel nos mercados internacionais.
"Entendemos que no curto prazo as ações continuarão pressionadas e com elevada volatilidade, refletindo as preocupações com a deterioração da demanda e dos preços de celulose ao longo do ano", afirmou a analista em relatório. Ela manteve a recomendação "neutra" para a ação da Suzano, "apesar do elevado potencial de valorização para nosso preço-alvo de 2023 de 62 reais".
Às 15h45, as ações da Suzano subiam 3,16%, cotadas a 39,20 reais. No mesmo horário, o Ibovespa mostrava alta de 1,01%.
Por sua vez, o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, cortou o preço-alvo da Suzano de 62 reais para 51 reais, mas manteve recomendação "outperform". O corte no preço ocorreu diante da queda nos preços da celulose mais acentuada que o esperado.
O diretor de celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, afirmou durante a conferência com analistas que, no primeiro trimestre, a demanda por celulose foi "menor do que o esperado" na Europa por causa de movimento de consumo de estoques por parte dos clientes na região, algo que ainda deve perdurar nos próximos meses. Esse efeito acabou causando redirecionamento de embarques do setor para outras regiões, como a Ásia.
Segundo Schalka, o posicionamento da empresa de trabalhar com níveis menores de estoques, apesar de gerar estresse no sistema de produção da companhia, deixa a Suzano em "posição mais confortável" para o segundo trimestre do ponto de vista de discussões de preços.
Já o diretor financeiro da Suzano, Marcelo Bacci, estimou que o custo caixa de produção de celulose da empresa deve apresentar redução no segundo semestre. Ele disse que a companhia segue com posição financeira saudável, apesar da queda dos preços da celulose, sem necessidade de ir a mercado de dívida nos próximos quatro anos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)