Os juros futuros fecharam em baixa nesta terça-feira, apoiados pela melhora do câmbio, pela queda nos preços do petróleo e perspectiva positiva para a tramitação da pauta econômica no Congresso. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,935%, de 11,041% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2026 recuou de 10,97% para 10,93%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,98% no fechamento (11,16% na segunda-feira) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,40%, de 11,58% na segunda-feira.
O mercado de juros vinha ensaiando uma correção já há algumas sessões, especialmente os fundos de investimento que estavam de olho nos prêmios reforçados na curva, mas em tentativas que não conseguiam prosperar, sobretudo pela pressão vinda do exterior.
Nesta terça-feira, a curva norte-americana esteve menos pressionada, abrindo espaço para a retomada do ajuste frustrado de segunda-feira. A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, destaca que o avanço do real, na contramão da maioria das demais moedas ante o dólar, teve papel importante nesta terça para o desempenho dos DIs. "Só o fato de não estarmos vendo grande desvalorização da moeda já é positivo. O movimento de desvalorização do petróleo também acabou contribuiu com a dinâmica da inflação", disse. O dólar à vista furou o nível de R$ 5, encerrando em R$ 4,9937.
A queda do dólar no Brasil contrariou a tendência de alta que prevaleceu no exterior e que ajudou a pressionar o petróleo para baixo. O barril do Brent para janeiro, referência para os preços da Petrobras (BVMF:PETR4), fechou em US$ 87,16.
Os yields dos Treasuries mostraram alguma volatilidade, em dia marcado por PMIs nos Estados Unidos acima do esperado, mas fracos na Europa, além de leilões de T-Note de 2 anos com demanda acima da média. A taxa da T-Note de 10 anos zerou a alta vista na primeira parte da sessão e recuava a 4,82% no fim da tarde.
Ao mesmo tempo, o mercado operou também de olho no noticiário de Brasília. Há atenção especial ao projeto de lei de tributação dos fundos de alta renda, que aguarda votação na Câmara. "Foi adiado para amanhã mas há expectativa de que possa ser negociado e votado, o que, tecnicamente, na visão do Ministério da Fazenda, é relevante para a equação da política fiscal", diz Abdelmalack.
A expectativa era de que, com a volta do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), ao Brasil o projeto que mira fundos exclusivos e offshore pudesse ser analisado nesta terça. Porém, segundo apurou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), deve ser apreciado apenas a partir da quarta-feira em plenário.
No Senado, a expectativa é pela apresentação do relatório da reforma tributária. O parecer do senador Eduardo Braga (MDB-AM) será protocolado ainda nesta terça. Na reta final das negociações, senadores e a Fazenda discutem a possibilidade de fechar a porteira dos produtos da cesta básica que terão alíquota zero.
Já a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça o projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores. O texto incluiu um dispositivo que concede redução na alíquota previdenciária a prefeituras de cidades pequenas. Há uma ala do governo que defende que o presidente Lula vete o dispositivo, em função das perdas de receita. O impacto fiscal da medida, segundo cálculos da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), é de cerca de R$ 11 bilhões ao ano.
Na Warren Rena, a avaliação do economista-chefe Felipe Salto e do analista Erich Decat é de que a desoneração avança "com a pior configuração possível para o fiscal". "O veto será a única saída", dizem.