Ação identificada por IA em setembro já sobe +12% no mês e promete mais
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - A curva a termo brasileira fechou a segunda-feira em alta, na contramão do recuo firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior, com investidores na ponta de compra de taxas no Brasil após a divulgação dos dados de empregos formais do Caged, à tarde.
Mesmo com o novo recuo do dólar ante o real, no fim da tarde as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) exibiam altas. A taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 14,065%, ante o ajuste de 14,04% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,38%, em alta de 4 pontos-base ante o ajuste de 13,341%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2030 estava em 13,385%, ante 13,34% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,555%, em alta de 5 pontos-base ante 13,502%.
Pela manhã as taxas no Brasil oscilaram em baixa, em meio à expectativa de que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) traria números fracos sobre a geração de empregos no Brasil em agosto. A divulgação dos números estava marcada para as 14h30.
Operador de um banco de investimentos ouvido pela Reuters pontuou que alguns rumores que circularam pelas mesas indicavam a geração de 100.000 postos de trabalho formal no mês passado -- bem abaixo dos 160 mil novos empregos projetados por economistas. < BRPROL=ECI>
Essa perspectiva de geração menos de vagas -- um fator de alívio para a inflação -- fez a taxa do DI para janeiro de 2027 marcar a mínima de 13,980% às 10h35, em baixa de 6 pontos-base. A taxa do DI para janeiro de 2032 marcou a mínima de 13,485% às 14h24, em queda de 3 pontos-base.
Porém, às 14h30 o Ministério do Trabalho e Emprego informou que o Brasil abriu 147.358 vagas formais de trabalho em agosto, segundo o Caged -- um resultado abaixo do projetado pelos economistas, mas acima dos 100.000 empregos que circulavam mais cedo pelas mesas.
Em reação, parte do mercado que “vendeu taxa” pela manhã passou para a ponta de compra à tarde, o que conduziu as taxas para o território positivo. Às 16h13, -- já após os números do Caged -- a taxa para janeiro de 2027 marcou a máxima de 14,065%, em alta de 3 pontos-base.
O avanço da curva no Brasil ocorreu a despeito de no exterior os rendimentos dos Treasuries estarem em baixa, em meio a preocupações com a possibilidade de paralisação do governo dos EUA, caso uma legislação orçamentária não seja aprovada até terça-feira. Às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 4 pontos-base, a 4,145%.
Pela manhã, investidores estiveram atentos ainda a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em eventos em São Paulo.
Na conferência Itaú Macro Vision, Haddad afirmou que o governo não está fazendo ajuste fiscal vendendo patrimônio, acrescentando que continuará a perseguir as metas fiscais estabelecidas, tanto para 2025 quanto para 2026.
"A meta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)... está sendo perseguida com todo o esforço", afirmou Haddad sobre o objetivo de 2025. "Para 2026 vai ser igual", acrescentou.
Já Galípolo, que falou mais cedo em evento do BC sobre a pesquisa Firmus, disse na conferência do Itaú no fim da manhã que ainda há "muito esforço" a ser feito pela autoridade monetária, destacando que nenhuma projeção de economistas ou do setor produtivo aponta para uma inflação na meta em 2026.
"Tanto a Focus quanto a Firmus, nenhuma projeção indica inflação na meta em 2026", comentou Galípolo, em referência às pesquisas feitas pelo BC com profissionais de instituições do mercado e de empresas não financeiras. "A meta é 3%. Estamos assistindo convergência lenta para estes 3%", acrescentou.
Em outro evento, promovido pelo HSBC, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, afirmou que vê poucas incertezas na transição para novos diretores da autoridade monetária, à medida que se aproxima o prazo para o fim de seu mandato como membro do colegiado da autarquia.
"O mandato está bem definido e tem uma governança muito sólida. Eu vejo bem pouca incerteza nesse tema da transição", disse Guillen. "Em todas as reuniões, o Copom toma a melhor decisão à luz dos dados. Isso independe de se alguém vai sair ou se alguém vai entrar."
Perto do fechamento a curva precificava em 100% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.