Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros deram continuidade ao movimento da sessão anterior e fecharam em leve baixa nesta segunda-feira, com investidores mantendo na curva precificação majoritária para corte de 0,50 ponto percentual da Selic na semana que vem, em um dia marcado pela baixa firme do dólar no Brasil.
Pela manhã, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) já oscilavam em queda, em paralelo ao recuo, naquele momento, dos retornos dos Treasuries. Os títulos norte-americanos reagiam a números mostrando que a atividade empresarial nos EUA desacelerou para uma mínima em cinco anos em julho.
A S&P Global informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) composto, que acompanha os setores de manufatura e serviços, caiu para 52 em julho, ante leitura de 53,2 em junho. Na Europa, as leituras dos PMIs também mostraram crescimento mais fraco.
Os dados reforçaram a visão de que o Federal Reserve pode promover apenas mais uma elevação de juros este ano, na próxima quarta-feira, dando fim ao atual ciclo de aperto monetário.
“Temos uma leitura cada vez mais consolidada de que caminhamos para o fim do ciclo de aperto nos EUA e na Europa. Estamos em um momento já de ‘saideira’ na política monetária. O juro pode até subir, mas a alta não vai ser tão vigorosa”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM.
O recuo firme do dólar ante o real, conforme Machado, também justificou o viés de baixa para os juros futuros nesta segunda-feira.
“O mercado vinha cauteloso desde o IPCA de junho, que não foi tão bom. Então, havia um suporte técnico do dólar nos 4,80 reais. Isso fazia com que o investidor não tivesse tanta coragem para derrubar mais as taxas de juros”, pontuou.
A queda das taxas, no entanto, foi limitada, com investidores à espera da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de julho nesta terça-feira. No exterior, os rendimentos dos Treasuries migraram para o positivo ao longo da sessão, o que também segurou a baixa dos juros futuros no Brasil.
Perto do fechamento desta segunda-feira a precificação na curva a termo era de 55% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic em agosto e de 45% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na sexta-feira passada, perto do fechamento, estes percentuais eram de 60% e 40%, respectivamente.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,695%, ante 12,716% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,71%, ante 10,732% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,13%, ante 10,174% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,18%, ante 10,433%.
Às 16:48 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 3,30 pontos-base, a 3,8725%.