Por Danilo Masoni e Julien Toyer
MILÃO/MADRI (Reuters) - O movimento da Telefónica para reduzir sua fatia na concorrente Telecom Italia pode ajudar o grupo espanhol a aplacar reguladores sobre preocupações antitruste e possivelmente acelerar a consolidação no mercado brasileiro.
A Telefónica controla a Vivo, principal operadora brasileira, e é a maior acionista da Telecom Italia, dona da TIM Participacoes, que concorre com a Vivo.
O Brasil é crucial para a Telefónica porque ser o segundo maior gerador de caixa depois do mercado espanhol e tem chances de crescimento, ao contrário dos mercados europeus relativamente saturados como Alemanha e Reino Unido.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) deu à Telefónica 18 meses para vender sua fatia na Telecom Italia ou procurar um novo parceiro para a Vivo, após um acordo com investidores italianos que deu à Telefónica cerca de 15 por cento da Telecom Italia.
A Telefónica anunciou na véspera a venda de 750 milhões de euros (1 bilhão de dólares) em bônus conversíveis em ações da Telecom Italia, reduzindo sua fatia para entre 9,4 e 8,3 por cento na companhia.
A empresa também tentou apaziguar os reguladores brasileiros puxando de volta seus dois representantes de conselho da Telecom Italia em dezembro, para evitar conflitos de interesse.
Mas a decisão de sair parcialmente do seu investimento na Telecom Italia tem alimentado expectativas de que o regulador agora possa suavizar sua postura com o grupo espanhol, disseram pessoas familiarizadas com a situação e analistas.
"Eu não acho que o Cade vai olhar para isso de forma negativa, pelo contrário", disse à Reuters um executivo sênior de telecomunicações brasileiro.
A Telefónica se recusou a comentar, embora o Cade tenha dito que não tinha sido oficialmente informado do plano e, portanto, não poderia comentar.
O analista do Akros Bank, Andrea De Vita, disse que uma redução da participação da Telefónica na Telecom Italia para menos de 10 por cento pode ser bastante para aliviar as preocupações no Brasil.
(Reportagem adicional de Leila Abboud em Paris e Leonardo Goy em Brasília)