Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Terra Santa Agro (SA:TESA3) operam perto da estabilidade na parte da manhã desta terça-feira na bolsa paulista. A companhia, que é uma das maiores produtoras agrícolas do país, iniciou na véspera o plantio de soja em solo seco em uma área de 12 mil a 14 mil hectares, de um total de cerca de 81 mil hectares com a oleaginosa que a companhia espera plantar em 2020/21.
Por volta das 11h08, os ativos tinham ganhos de 0,06% a R$ 17,11, na mínima do dia.
O risco calculado de se plantar parte da safra “no pó” se deve às chuvas esperadas para a próxima semana, permitindo então a germinação, além da necessidade de realizar logo os trabalhos em muitas lavouras para posterior plantio de algodão dentro das melhores condições, disse à Reuters o CEO da companhia, José Humberto Prata Teodoro Júnior.
Para uma janela climática de plantio adequada, o algodão tem que estar semeado na segunda safra em Mato Grosso --onde a companhia possui suas unidades-- até o final de janeiro, algo que não aconteceria se houvesse mais atrasos com a soja. A Terra Santa Agro projeta semear algodão em pouco mais de 43 mil hectares e milho em 23 mil hectares em 2020/21.
“Largou hoje o plantio sem chuva nenhuma”, disse o executivo, ressaltando que em áreas de plantio direto, cuja palhada ajuda a atenuar riscos de temperaturas elevadas para as sementes, é possível plantar “no pó” quando há a expectativa de chuvas.
A decisão de iniciar o plantio com algum risco em parte das terras é tomada todos os anos pela companhia, mas nesta safra a área plantada em condições secas é maior do que no ano passado, já que as chuvas estão tardando mais a chegar.
“Ano passado, soltamos o plantio em 25 de setembro, este ano estamos soltando em 5 de outubro, com dez dias de atraso. No ano passado, plantamos 7 mil hectares nessas condições mais arriscadas, foi um risco bem medido, pois tivemos pouco replantio”, explicou ele, lembrando que todos os cálculos e acompanhamentos meteorológicos foram feitos para embasar a decisão em 2020.
No ano passado, por exemplo, só houve replantio em 72 hectares, destacou.
Com o plantio atrasado, a avaliação é de que a colheita de soja em Mato Grosso levará mais tempo a chegar ao mercado em 2020/21, intensificando-se apenas em fevereiro, e não em janeiro, até porque nem todos os produtores dispõem das condições e capital de um grupo como a Terra Santa Agro.
“Em 2017/18, um ano mais parecido com este, ano de La Niña, arriscamos 11 mil hectares, e teve 40% de replantio, um replantio muito alto, mas começamos a plantar em 23 de setembro, e aí a chuva só se confirmou mais para frente. Naquela época começamos a arriscar (no) seco demais, desde então fomos aprendendo.”
Para 2020/21, com a expectativas de chegada de chuvas na próxima semana, a Terra Santa Agro diz que um número de replantio aceitável seria de 2% a 3%.
“Até 3% da nossa área total de replantio entendemos que é aceitável... Mas pode ser muito próximo de zero, temos capacidade de plantio muito forte, então vamos ter cinco dias de plantio, e se chover conforme a projeção, não vamos perder nada.”
A decisão de dar a largada no plantio foi realizada após a companhia ter semeado em cerca de mil hectares na semana passada, com o objetivo de ajustar as máquinas.