Por Senad Karaahmetovic
As ações da Tesla (NASDAQ:TSLA) (BVMF:TSLA34) se recuperavam após um recuo mais de 6% antes da abertura desta quinta-feira em Nova York, depois que a gigante dos veículos elétricos (VEs) divulgou resultados mistos para o 3º tri. Às 16h19 (de Brasília), recuava 6,69%, cotada a US$207,05.
A companhia apurou um LPA de US$ 1,05 no 3º tri, maior do que a estimativa dos analistas de US$ 1,03. A receita teve um salto de 56%, para US$ 21,45 bilhões, mas acabou ficando abaixo da média das estimativas dos analistas de US$ 22,5 bilhões.
A Tesla atribuiu esses resultados mistos a efeitos cambiais, encarecimento das matérias-primas e custos logísticos, enquanto enfrenta dificuldades para acelerar a produção nas fábricas de Berlim e Texas. Com isso, o diretor-geral financeiro da companhia, Zach Kirkhorn, declarou, durante a teleconferência de resultados, que a Tesla não conseguirá atingir sua meta de elevar as entregas de veículos em 50% em 2022.
Mesmo assim, o CEO Elon Musk continuou otimista em relação à perspectiva da companhia.
“Vamos continuar pisando fundo, faça chuva ou faça sol. Portanto, não vamos reduzir nossa produção de forma significativa, havendo ou não recessão”, declarou na teleconferência.
Musk também disse que o conselho discutiu a ideia de introduzir recompras de ações em 2023, mencionando o valor de 5 a 10 bilhões de dólares para o próximo ano. Ao falar sobre a aquisição do Twitter (NYSE:TWTR) (BVMF:TWTR34), Musk afirmou que “o potencial de longo prazo para o Twitter é, em ordem de magnitude, maior do que seu atual valor”.
Após um balanço misto no 3º tri, diversos analistas de Wall Street rebaixaram seus preços-alvo para a ação da Tesla. Analistas do Bernstein, que atribuíam uma classificação de “underperform” (abaixo da média) para a Tesla, declararam que algumas "rachaduras" podem estar começando a aparecer. Eles também não se surpreenderam com a participação de Musk na teleconferência, quem praticamente só forneceu respostas “curtas e evasivas” às indagações.
“Os resultados da TSLA no 3º tri foram decepcionantes, com receitas e margens brutas de automóveis, excluindo créditos, abaixo do consenso. A companhia declarou que, embora ainda espere aumentar a produção em 50%, as entregas de unidades ficariam aquém do alvo, o que foi atribuído a um balanceamento das entregas. Reduzimos levemente nossa projeção de unidades para o exercício fiscal de 2022, bem como o LPA dos exercícios fiscais de 2022 e 23”, disseram os analistas em nota aos clientes.
Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) (BVMF:GSGI34) reiteraram a recomendação de compra na Tesla, na medida em que a companhia continua “bem posicionada para o crescimento do faturamento e do lucro no longo prazo”. Ainda assim, admitiram que os resultados do 3º tri “foram mais fracos”, e a margem bruta e o preço médio de vendas, em vista dos riscos macroeconômicos, “serão uma preocupação para o mercado pelo menos no curto prazo”.
Analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) (BVMF:MSBR34) demonstraram um otimismo maior, dizendo que a Tesla entregou um “trimestre bastante forte”.
“Esperamos que o consenso para 2023 fiscal abra espaço para a incerteza macro”, escreveram em nota aos clientes.