Trump, risco fiscal e Selic elevada devem manter estrangeiro afastado da B3 em 2025

Publicado 11.01.2025, 06:20
Atualizado 11.01.2025, 09:40
© Reuters Trump, risco fiscal e Selic elevada devem manter estrangeiro afastado da B3 em 2025

O ano de 2024 registrou o pior número de aportes externos na B3 (BVMF:B3SA3) desde 2020, ano de pandemia. E isso não é um bom presságio para 2025. A mudança no calendário traz o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o que sugere uma economia americana mais resiliente e menor interesse dos investidores por países emergentes. No Brasil soma-se a perda de atratividade que já vem ocorrendo devido ao risco fiscal e à Selic elevada, segundo profissionais ouvidos pelo Broadcast.

O líder de renda variável do BNP Paribas (EPA:BNPP) Asset Management Brasil, Marcos Kawakami, afirma que a volatilidade e a depreciação recentes do real fizeram o investidor estrangeiro ter uma visão mais negativa do Brasil.

"Temos percebido um interesse maior do investidor estrangeiro pela Índia, que tem crescido em atividade e lucro das empresas", exemplifica. Diferentemente, a projeção para Brasil é de uma desaceleração na atividade econômica em 2025 frente 2024, enquanto a taxa Selic deve subir ainda mais e potencialmente prejudicar o balanço de companhias brasileiras.

Nem mesmo a aprovação do pacote de ajuste fiscal pelo Congresso, na última sessão legislativa de 2024, leva otimismo ao mercado. O potencial impacto econômico ao redor de R$ 70 bilhões estimado pelo governo federal em dois anos foi diluído perante a apresentação do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda. Segundo a head de assessoria de investimentos da Melver, Daiane Gubert, não há um sinal claro de compromisso fiscal por parte do governo.

Além da frustração com o ajuste fiscal prometido, a capacidade de entrega dos cortes gera dúvidas nos investidores, pontua Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

EUA

Além de competir com os outros emergentes, o Brasil deve disputar a atenção dos investidores com nada menos do que a maior economia do planeta. Kawakami ressalta a boa performance apresentada pelos Estados Unidos já em 2024 - apoiada no fato do país ser referência em inteligência artificial - e que tende a continuar.

Para o chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (NYSE:BAC) (BofA), David Beker, o dólar deve se fortalecer globalmente com o retorno de Trump. Isso "sobe a barra" em termos de fluxo estrangeiro para países emergentes. Ele disse, em evento com jornalistas em dezembro, que o BofA está mais otimista com os Estados Unidos e menos construtivo com o resto do mundo.

Apesar do recesso parlamentar, que míngua o noticiário em Brasília e pode aliviar um pouco os mercados no início do ano, a expectativa de Gubert, da Melver, é de um começo de 2025 volátil em relação ao capital externo para o Índice Bovespa. "Penso que logo no início teremos volatilidade por causa do Trump, que se comunica muito pelas redes sociais. Não acho que o Brasil estará no foco dos estrangeiros, pois não tem nada aqui que seja atrativo", avalia.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.