Calendário Econômico: Fed é centro das atenções por motivos econômicos, políticos
Por Nandita Bose e Akash Sriram e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta terça-feira cortar os bilhões de dólares em subsídios que as empresas de Elon Musk recebem do governo federal, em uma escalada da guerra de palavras entre o presidente e o homem mais rico do mundo, antigos aliados que se desentenderam.
A rixa reacendeu na segunda-feira, quando Musk, que gastou centenas de milhões para a reeleição de Trump, renovou suas críticas ao projeto de lei de corte de impostos e gastos de Trump, que eliminaria os subsídios para a compra de veículos elétricos que beneficiaram a Tesla (NASDAQ:TSLA), a principal fabricante de veículos elétricos dos EUA. Esse projeto de lei foi aprovado no Senado por uma margem estreita ao meio-dia desta terça-feira.
"Ele está chateado por estar perdendo seu mandato para veículos elétricos e... está muito chateado com as coisas, mas pode perder muito mais do que isso", disse Trump a repórteres na Casa Branca nesta terça-feira.
As empresas de Musk, especialmente a Tesla e a SpaceX, são altamente dependentes de uma série de contratos, políticas, subsídios e créditos federais que proporcionaram às empresas dezenas de bilhões de dólares em receita ao longo dos anos. Alguns desses benefícios para a Tesla, incluindo os créditos fiscais ao consumidor para a compra de veículos elétricos, já estavam sendo cortados no projeto de lei fiscal de Trump. As ações da Tesla caíram mais de 4% nas negociações da tarde de terça-feira.
O presidente-executivo da Tesla renovou as ameaças de criar um novo partido político e gastar dinheiro para destituir os parlamentares que apoiarem o projeto de lei fiscal, apesar de ter feito campanha para limitar os gastos do governo. Os republicanos têm expressado preocupação com o fato de que a rixa entre Musk e Trump poderia prejudicar suas chances de proteger sua maioria nas eleições parlamentares de meio de mandato de 2026.
O Secretário do Tesouro, Scott Bessent, rebateu as críticas de Musk de que o projeto de lei aumentaria o déficit, dizendo: "Eu cuidarei" das finanças do país.
Musk liderou o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), com o objetivo de reduzir os gastos do governo, antes de interromper seu envolvimento no final de maio.
Trump, no Truth Social, nesta terça-feira, sugeriu que Musk poderia receber mais subsídios "do que qualquer ser humano na história, de longe", acrescentando: "Sem mais lançamentos de foguetes, satélites ou produção de carros elétricos, nosso país economizaria uma fortuna".
Mais tarde, Trump dobrou a aposta, dizendo aos repórteres com um sorriso: "O Doge é o monstro que talvez tenha que voltar e comer Elon".
Em resposta às ameaças de Trump, Musk disse em sua própria plataforma de mídia social X: "Estou literalmente dizendo CORTE TUDO. Agora". Mais tarde, ele acrescentou que poderia aumentar a discussão com Trump, mas disse: "Vou me abster por ora".
DESAFIOS PARA A TESLA
A briga pode criar novos desafios para o império de negócios de Musk, especialmente porque a montadora elétrica -- sua principal fonte de riqueza -- aposta muito no sucesso de seu programa de robotáxi, que está sendo testado em Austin, Texas. A velocidade da expansão do robotáxi da Tesla depende muito da regulamentação estadual e federal dos veículos autônomos.
"A essência da avaliação da Tesla neste momento se baseia no progresso em direção à autonomia. Não acho que vá acontecer nada nesse sentido, mas esse é o risco", disse Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, investidora da Tesla.
Os analistas esperam outro trimestre difícil quando a fabricante de EVs divulgar os números do segundo trimestre na quarta-feira. As vendas nos principais mercados europeus foram mistas, mostraram os dados na terça-feira, já que o apoio à extrema-direita por Musk alienou potenciais compradores em vários mercados do mundo.
O Departamento de Transportes dos EUA regulamenta o projeto de veículos e terá um papel fundamental na decisão se a Tesla pode produzir em massa robotáxis sem pedais e volantes, enquanto a empresa de foguetes de Musk, a SpaceX, tem cerca de US$22 bilhões em contratos federais. A Tesla também recebe créditos regulatórios pela venda de veículos elétricos; a empresa informou US$2,8 bilhões nesses créditos no ano fiscal de 2024.
No início de junho, Trump ameaçou cortar os contratos de Musk com o governo quando o relacionamento entre eles se transformou em uma briga generalizada nas redes sociais por causa do projeto de lei de redução de impostos, que analistas não partidários estimam que acrescentaria cerca de US$3 trilhões à dívida dos EUA.
A subsequente venda de ações da Tesla eliminou US$150 bilhões em valor de mercado, embora as ações tenham se recuperado depois que Musk voltou atrás em alguns de seus comentários.
A trégua durou pouco e, no sábado, Musk chamou o projeto de lei de impostos de "totalmente insano e destrutivo" em uma publicação no X. Ele disse que os parlamentares que votassem a favor do projeto de lei depois de fazer campanha para cortar os gastos "perderão suas primárias no próximo ano se essa for a última coisa que eu fizer nesta Terra"
Perguntado se iria deportar Musk, um cidadão norte-americano naturalizado, Trump disse aos repórteres ao deixar a Casa Branca na terça-feira: "Eu não sei. Teremos que dar uma olhada".