SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale (SA:VALE3) disse que análises da água do rio Paraopeba mostram que é possível recuperar o manancial, impactado pelo rompimento de uma barragem da companhia em Brumadinho (MG) em janeiro, acrescentando que os sedimentos liberados pelo desastre não devem atingir o rio São Francisco.
Em comunicado, a companhia afirmou que quatro laboratórios realizaram mais de 300 mil análises de água, solo, rejeito e sedimento, levando à conclusão de que será possível recuperar o Paraopeba.
"Lamentamos profundamente o ocorrido, mas faremos tudo o que for necessário para recuperar a bacia do rio Paraopeba, pois bem sabemos que isso é possível", disse a gerente-executiva de Gestão Ambiental da Vale, Gleuza Jesué, em nota.
A mineradora acrescentou que a pluma de turbidez gerada pelo rompimento se localiza atualmente no reservatório da hidrelétrica de Retiro Baixo, a 300 km de Brumadinho.
"A previsão dos técnicos é de que os sedimentos provenientes do rompimento da barragem não atinjam o rio São Francisco", afirmou a Vale.
"Do total de rejeitos aportados ao rio Paraopeba, cerca de 77 por cento ficarão retidos no reservatório da usina de Retiro Baixo e os outros 23 por cento no reservatório da hidrelétrica de Três Marias", estimou a companhia.
A hidrelétrica Retiro Baixo tem como principais sócios Furnas, da Eletrobras (SA:ELET3), e a mineira Cemig (SA:CMIG4), enquanto a usina de Três Marias pertence integralmente à Cemig.
O rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, no último dia 25 de janeiro, liberou mais de 12 milhões de metros cúbicos de lama, atingindo comunidades próximas e o rio Paraopeba e deixando mais de 300 mortos e desaparecidos.
A Vale disse ainda que análises de materiais retirados de quatro pontos diferentes classificaram os rejeitos gerados pelo desastre como não perigosos à saúde.
"Os índices de toxicidade estão abaixo dos limites legais para rejeitos de mineração", afirmou a companhia.
A empresa disse ainda que continua analisando os rejeitos e deverá ter mais resultados de análises nas próximas semanas.
(Por Gabriel Araujo)