Por Marta Nogueira e Roberto Samora
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de minério de ferro e pelotas da Vale (SA:VALE3) poderão cair de 9 a 16 por cento neste ano ante 2018, diante do fechamento de diversas operações da companhia em busca de mais segurança, depois que uma barragem da mineradora se rompeu em Brumadinho (MG) e deixou centenas de mortos.
A empresa planejava vender neste ano 382 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas. Mas, após as paradas de atividades, reviu a sua projeção para algo entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas.
No ano passado, a maior produtora global da commodity vendeu 365,57 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, sendo 308,98 milhões de minério de ferro.
Enquanto a oferta de minério da Vale deve cair, os preços da commodity na China engataram forte alta. Desde 25 de janeiro, quando a barragem de Brumadinho se rompeu, as cotações acumulam alta de mais de 20 por cento.
Questionada nesta quinta-feira, a Vale não detalhou quanto do volume de vendas previsto para 2019 é de pelotas e quanto é de minério de ferro.
No fim de março, a empresa havia informado a revisão da previsão de vendas de minério de ferro para este ano, estimando entre 307 milhões e 332 milhões de toneladas, mas sem informar que o volume também incluía pelotas.
Ao atualizar projeções nesta semana, a empresa acrescentou a informação sobre pelotas.
À Reuters, a Vale informou nesta quinta-feira que não houve nova mudança na estimativa para este ano e que apenas foi incluída a informação sobre pelotas.
Na nota que atualizou as projeções, a Vale informou ainda que chuvas em março e abril afetaram as operações do seu mais importante sistema, no Norte do país.
As paralisações que causaram a revisão nas vendas ocorreram em diversas operações da Vale, por iniciativa própria ou decisões de autoridades, até que a empresa tenha a segurança necessária para operar as estruturas ou que conclua descomissionamentos planejados.
A Vale estava impedida de operar 93 milhões de toneladas/ano de capacidade de produção congelada. Nesta semana, teve decisão favorável da Justiça para voltar a operar sua maior mina de minério de ferro de Minas Gerais, chamada Brucutu, de 30 milhões de toneladas de capacidade.
O rompimento da barragem de Brumadinho liberou mais de 12 milhões de toneladas de rejeitos do beneficiamento de minério de ferro, atingindo área administrativa e refeitório da companhia, além de mata, comunidades e rios da região, incluindo o importante Paraopeba.
Até o momento, foram confirmados 231 mortos pela Defesa Civil, e 46 pessoas permanecem desaparecidas.