SÃO PAULO (Reuters) -A Volkswagen (ETR:VOWG) decidiu adiar um esquema de suspensão de contratos de trabalho de cerca de 800 trabalhadores de sua fábrica de veículos em Taubaté (SP), afirmou o sindicato local, citando como motivo expectativas em torno de um possível programa do governo federal para incentivar a produção de veículos mais baratos no país.
Em maio, a Volkswagen chegou a comunicar o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região que cerca de 800 trabalhadores na fábrica de Taubaté seriam colocados no chamado esquema de layoff por até cinco meses.
Segundo o sindicato, o movimento sindical e a Anfavea (associação de montadoras) têm discutido com o governo federal a questão do carro popular.
"Diante do avanço dessas discussões, a Volks está adiando o início do layoff para 1º de julho", disse o presidente da entidade, Claudio Batista, em comunicado à imprensa. "É uma discussão que envolve tributação e outras questões para alavancar o setor", acrescentou.
Procurada, a Volkswagen confirmou a suspensão do layoff que estava previsto para começar em 1 de junho para um turno de produção em Taubaté. A empresa citou como motivo apenas "ajuste da produção a uma demanda pontual", sem dar detalhes.
Questionada sobre os comentários do sindicato em torno do "carro popular", a Volkswagen mas não se manifestou a respeito.
A data do layoff pode ainda passar por outras alterações dependendo do andamento das discussões do setor com o governo.
Atualmente, os carros produzidos no país mais baratos são Mobi e C3 Live, da Stellantis (NYSE:STLA), e o Kwid, da Renault (EPA:RENA), mas os preços partem da faixa de cerca de 70 mil reais.
A indústria automotiva do país se voltou na década de 1990 aos chamados "carros populares" em meio a incentivos do governo, mas os veículos careciam de uma série de itens de segurança e conforto hoje incorporados pela indústria, como airbags, em parte por obrigações introduzidas pela legislação nos últimos anos e em parte pela demanda.
Mas nos últimos anos a indústria nacional praticamente se voltou à produção de modelos mais caros como utilitários esportivos e picapes médias e grandes, que são mais rentáveis em um momento em que suas matrizes investem bilhões de dólares em projetos de eletrificação na Europa e Estados Unidos.
No final de março, o presidente-executivo da Stellantis para a América do Sul, Antonio Filosa, afirmou que é possível reduzir os preços dos veículos no Brasil, mas para isso é preciso diálogo com o governo sobre temas que incluem carga tributária e acesso a crédito mais barato, algo que tem sido dificultado com o Banco Central mantendo a Selic em 13,75% ao ano.
(Por Alberto Alerigi Jr., edição Paula Arend Laier)