As empresas do setor de shoppings devem manter o ritmo de crescimento em 2020, afirma a XP Investimentos. A corretora defende um viés construtivo em relação às vendas e à performance dos ativos, embora entenda que a recuperação irá acontecer de forma gradual.
“O crescimento deverá vir primordialmente de forma orgânica ou via aquisição de participação em ativos próprios, com algumas empresas falando sobre expansões e pouca propensão ao desenvolvimento de novos shoppings”, diz a analista de Transporte, Bens de Capital e Shoppings, Bruna Pezzin.
Apostando em ativos próprios
A XP concluiu, após se reunir com executivos durante a segunda edição da XP Malls Conference, que as empresas seguem adotando a mesma estratégia de buscar crescimento por meio da aquisição de ativos já existentes em seus portfólios, uma vez que existe menor risco envolvido na operação.
“Algumas empresas já possuem projetos encaminhados de expansões, mas, em geral, ainda aguardam sinais mais consistentes para iniciar a execução das obras. A Multiplan (MULT3), por exemplo, possui um desenvolvimento com obras já em andamento, o ParkJacarepaguá, e ressaltou que, com as taxas de juros nos patamares atuais, existe potencial de geração de valor nessa modalidade de projeto”, destaca Pezzin.
As companhias também estão atentas às mudanças dos hábitos de consumo, e por isso têm investido cada vez mais na criação de eventos e no mix dos shoppings.
Benefício da dúvida
O segundo semestre do ano passado foi caracterizado pelo grande volume de transações no setor, dando a entender que os shoppings estão competindo acirradamente por novos ativos.
“No caso de aquisições majoritárias, será necessário em parte dar o benefício da dúvida para a capacidade das companhias adquirentes de rentabilizar os ativos via melhora na gestão, nas negociações contratuais e nos retrofits”, comenta a analista.
Apesar da visão competitiva, que entregará níveis de retorno e cap rates menores nas próximas aquisições, Pezzin também acredita que o baixo nível da taxa de juros e o patamar de endividamento relativamente confortável das empresas devem levar a uma geração de valor ainda maior.
“A expectativa em geral é de que as receitas dos shoppings serão impulsionadas principalmente pela melhora na ocupação, com visões mistas sobre crescimento real de aluguel por m²”, acrescenta.
A XP estima que os descontos concedidos aos lojistas continuarão sendo retirados ao longo do ano, principalmente por empresas com portfólios premium.
Recomendações
A XP possui recomendação neutra para as ações da Multiplan (SA:MULT3), com preço-alvo de R$ 31.
Em relação à brMalls (BRML3), a recomendação é de compra, com preço-alvo em R$ 17. A Iguatemi (IGTA3) é uma das favoritas da corretora, que recomenda compra para os papéis com preço-alvo de R$ 58.