Zuckerberg contesta caso antitruste dos EUA contra Meta em depoimento

Publicado 14.04.2025, 21:22
Atualizado 14.04.2025, 21:25
© Reuters. Logotipos de Facebook, Whatsapp e Instagram são vistos em foto ilustrativan04/10/2021nREUTERS/Dado Ruvic/

Por Jody Godoy

WASHINGTON (Reuters) - O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, depôs nesta segunda-feira em um julgamento de alto risco em Washington, no qual autoridades antitruste dos Estados Unidos acusam a empresa de gastar bilhões de dólares na aquisição do Instagram e WhatsApp para neutralizar concorrentes do Facebook (NASDAQ:META).

A Comissão Federal de Comércio (FTC) busca forçar a Meta a reestruturar ou vender o Instagram e o WhatsApp, colocando à prova as promessas do presidente norte-americano, Donald Trump, de enfrentar as grandes empresas de tecnologia e, ao mesmo tempo, representando uma ameaça existencial para a companhia, que, segundo algumas estimativas, obtém cerca de metade de sua receita publicitária nos EUA com o Instagram.

Vestindo terno escuro e gravata azul-clara, Zuckerberg respondeu calmamente às perguntas e tentou rebater as alegações de que a Meta teria comprado essas empresas há uma década com o objetivo de eliminar a concorrência entre plataformas de redes sociais voltadas para conexões entre amigos e familiares.

O executivo destacou que o compartilhamento entre amigos e familiares era apenas uma das prioridades do aplicativo, juntamente com a descoberta de novos conteúdos.

Ele afirmou que uma decisão de 2018 que priorizou conteúdos compartilhados por amigos no Facebook, em vez de vídeos e outras postagens públicas, falhou em captar a mudança de comportamento dos usuários, que passaram a compartilhar mais via mensagens privadas do que por meio de atualizações no feed.

"Acho que não entendemos direito como o engajamento social online estava evoluindo", disse Zuckerberg.

"As pessoas continuaram a se engajar com mais e mais coisas que não eram o que seus amigos estavam fazendo", disse ele.

Ele estimou que atualmente cerca de 20% do conteúdo no Facebook e 10% no Instagram é gerado por amigos dos usuários, em contraste com conteúdos de contas seguidas com base em interesses.

CONCORRÊNCIA COM O TIKTOK

A FTC apontou emails nos quais Zuckerberg propôs a aquisição do aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram como uma forma de neutralizar um possível concorrente do Facebook e expressou preocupação de que o serviço de mensagens criptografadas WhatsApp pudesse se transformar em uma rede social.

A Meta argumentou que suas aquisições do Instagram em 2012 e do WhatsApp em 2014 beneficiaram os usuários, e que as declarações passadas de Zuckerberg não são mais relevantes em meio à concorrência do TikTok da ByteDance, do YouTube do Google (NASDAQ:GOOGL) e do aplicativo de mensagens da Apple (NASDAQ:AAPL).

O modo como os usuários passam o tempo nas mídias sociais e quais serviços eles consideram intercambiáveis serão fundamentais para o caso. A Meta argumentará que um aumento no tráfego do Instagram e do Facebook durante o breve desligamento do TikTok nos Estados Unidos em janeiro demonstra concorrência direta.

A FTC alega que a Meta detém o monopólio das plataformas usadas para compartilhar conteúdo com amigos e familiares, sendo que seus principais concorrentes nos Estados Unidos são o Snapchat e o MeWe, um pequeno aplicativo de mídia social voltado para a privacidade lançado em 2016.

As plataformas em que os usuários transmitem conteúdo para estranhos com base em interesses compartilhados, como X, TikTok, YouTube e Reddit (NYSE:RDDT), não são intercambiáveis, tem argumentado a FTC.

O juiz distrital federal James Boasberg disse em uma decisão em novembro que a FTC "enfrenta questões difíceis sobre se suas alegações podem ser sustentadas no julgamento".

O julgamento pode se estender até julho. Se a FTC vencer, ela terá que provar separadamente que medidas como forçar a Meta a vender o Instagram ou o WhatsApp restaurariam a concorrência.

Perder o Instagram, em particular, poderia ser catastrófico para os resultados financeiros da Meta.

Embora a Meta não divulgue números de receita específicos do aplicativo, a empresa de pesquisa de publicidade Emarketer projetou em dezembro que o Instagram geraria US$37,13 bilhões este ano, um pouco mais da metade da receita de anúncios da Meta nos EUA.

O Instagram também gera mais receita por usuário do que qualquer outra plataforma social, incluindo o Facebook, de acordo com a Emarketer.

Até o momento, o WhatsApp contribuiu apenas com uma pequena parte da receita total do Meta, mas é o maior aplicativo da empresa em termos de usuários diários e está aumentando os esforços para ganhar dinheiro com ferramentas como chatbots.

Zuckerberg disse que esses serviços de "mensagens comerciais" provavelmente impulsionarão a próxima onda de crescimento da empresa.

(Reportagem de Jody Godoy em Washington e Katie Paul em Nova York)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.