Por Jarrett Renshaw e James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - Caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o Twitter acabem por se separar, sua campanha tem um plano alternativo pronto para espalhar sua voz.
As tensões entre Trump e a plataforma aumentaram na semana passada, depois que o Twitter começou a sinalizar alguns de seus tuítes com um alerta de verificação de fatos. Trump respondeu com um decreto que ameaça reduzir algumas proteções legais usufruídas pelas empresas de mídia social.
A campanha de Trump vem construindo um canal alternativo para ele há meses, um aplicativo para smartphones que visa se tornar uma plataforma única de notícias, informações e entretenimento para seus apoiadores, em parte por causa de preocupações de que o presidente perca o acesso à plataforma do Twitter, disse seu gerente de campanha, Brad Parscale.
O aplicativo de Trump, que foi lançado em abril, tem ficado desde então muitas vezes entre os 10 mais baixados no ranking da Apple (NASDAQ:AAPL) de aplicativos de notícias, às vezes acima das organizações de notícias como CNN, New York Times e Reuters.
"Sempre estivemos preocupados com o Twitter e o Facebook nos deixando fora do ar e isso serve como um backup", disse Parscale à Reuters.
Para seus apoiadores, o novo aplicativo é uma plataforma em que eles podem obter as últimas notícias da campanha, assistir a programas apresentados por aliados de Trump e ganhar pontos de recompensa por fazer telefonemas ou conseguir que pessoas se inscrevam no aplicativo.
Para a campanha, é um substituto à prova da pandemia que substitui os comícios de Trump e uma ferramenta essencial para coletar dados que podem ajudar a direcionar os eleitores antes da eleição de novembro. Trump enfrentará o candidato presidencial democrata Joe Biden na votação de 3 de novembro.
O login no aplicativo requer um número de telefone celular, que permite que a campanha envie ao usuário mensagens de texto regulares enaltecendo Trump ou pedindo doações.
"A coisa mais importante e essencial da política é o número de celular", disse Parscale, que executou os esforços digitais de Trump em 2016 antes de liderar a campanha de 2020. "Quando recebemos números de celulares, isso realmente nos permite identificá-los nos bancos de dados. Quem são eles, histórico de votação, tudo."
Mas no aplicativo não é incluída a cobertura menos favorável do presidente. Na segunda-feira, o aplicativo continha uma declaração de campanha emoldurada como um artigo de notícias que dizia que Trump estava trabalhando para unir o país após protestos em todo os Estados Unidos após o assassinato de George Floyd por um policial em Mineápolis.
Bill Bigby, um apoiador de Trump de Scranton, Pensilvânia, disse que o aplicativo agora se tornou sua principal fonte de notícias.
"Aprendemos que você não pode confiar em nada que a mídia diga sobre Trump", disse Bigby, 56 anos. "Eles simplesmente não gostam dele."
Parscale disse que esse era exatamente o objetivo da campanha.
"Acho que tudo o que fazemos é combater a mídia", disse Parscale. "Esta é outra ferramenta para combater essa luta, e é uma grande ferramenta."