NOVA YORK (Reuters) - O anúncio da Cisco na quarta-feira de que planeja demitir 5.500 funcionários provavelmente não será o último do tipo diante de um cenário em que empresas de hardware enfrentam dificuldades para se adaptarem às rápidas mudanças no mercado de tecnologia, dizem analistas e especialistas em recursos humanos.
Companhias que tradicionalmente obtinham a maior parte de seu faturamento vendendo computadores, chips, servidores, roteadores e outros equipamentos são especialmente vulneráveis, afirmam analistas, uma vez que aplicativos móveis e serviços de computação em nuvem tornam-se cada vez mais importantes.
O anúncio das demissões na Cisco ocorreu depois que a Intel divulgou planos em abril para demissão de 12 mil trabalhadores. Antes disso, a Dell disse em janeiro que cortou 10 mil funcionários e que esperava fazer novas reduções depois de concluir a aquisição da empresa de armazenagem de dados EMC por 67 bilhões de dólares.
Até agora neste ano, as empresas de tecnologia nos Estados Unidos eliminaram cerca de 63 mil empregos, segundo a consultoria Challenger, Gray & Christmas.
"A indústria de tecnologia está passando por uma grave desconstrução", disse Trip Chowdhry, analista da Global Equities Research. "Há mais por vir."
Chowdhry afirmou que espera que as demissões aumentem acentuadamente conforme mais empresas optam por serviços de computação em nuvem fornecidos por companhias como Amazon.com e Microsoft. Estes serviços são especializados na administração de hardware, software, redes e bancos de dados e eliminam a necessidade de trabalhadores encarregados por administrar cada um desses níveis, disse ele.
Em janeiro, Chowdhry estimou que as demissões na indústria de tecnologia vão somar 330 mil este ano. Na quarta-feira, ele elevou a estimativa para 370 mil. Alguns outros analistas afirmam que esta previsão é muito pessimista.
IBM (NYSE:IBM), Hewlett-Packard Enterprise, Oracle e Dell podem ser as próximas a fazerem anúncios de demissões, dizem analistas.
Representantes de Hewlett-Packard Enterprise, Dell e Oracle não comentaram o assunto. Contatos com a IBM não puderam ser respondidos de imediato.
"Ninguém quer projetistas de hardware e engenheiros", disse Andy Price, da empresa de busca de executivos SPMB. "Houve um momento quando os hardware estava no topo e a GoPro (fabricante de câmeras esportivas) deixou todo mundo animado sobre aparelhos, mas muitas destas empresas morreram pelo caminho", afirmou.
Atualmente, diz Price, "engenheiros de hardware são provavelmente a carreira menos atraente no Vale (SA:VALE5) (do Silício)", acrescentou.
(Por Malathi Nayak e Deborah M. Toddin