Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A Via Varejo (SA:VVAR11) está testando na capital paulista entregar no mesmo dia eletroeletrônicos comprados nos sites de Casas Bahia, Pontofrio e Extra até às 17 horas por meio de uma parceria com a startup Rapiddo, em um esforço adicional para agilizar ainda mais o serviço logístico aos clientes e ganhar competitividade.
O piloto foi iniciado em setembro para entregas em um raio de cinco quilômetros da loja Casas Bahia no bairro da Liberdade e a expectativa é expandir a modalidade para as demais áreas de São Paulo e outras cidades brasileiras no primeiro trimestre de 2019.
"Pensamos na entrega no mesmo dia para o caso de o consumidor não conseguir ir até nossa loja (retirar o produto)", explicou à Reuters o diretor de Logística da Via Varejo, Edgard Liberali Filho.
Atualmente, o cliente pode coletar a mercadoria comprada online em qualquer uma das 1 mil lojas do grupo, além de mais de 6 mil agências dos Correios e oito armários (lockers) instalados em postos de gasolina Ipiranga em São Paulo e Rio de Janeiro. "Hoje 92 por cento dos municípios estão cobertos com pelo menos um ponto de retirada", destacou Liberali Filho.
Segundo o executivo, o valor máximo cobrado para entrega no mesmo dia de mercadorias compradas até às 17h gira em torno de 40 a 45 reais ainda na fase piloto do projeto, mas a tendência é que esse custo se reduza mediante ajustes na operação.
"Estamos trabalhando e uma das nossas premissas é que o custo não seja tão maior que para entrega normal...Entendemos que nosso parceiro não pode ficar sem a parte dele nesse projeto, mas (o custo) será daí para baixo", disse Liberali Filho.
A parceria com a Rapiddo, controlada pela dona do iFood, a Movile, ocorre meses após a Via Varejo ter firmado acordo com outra startup de logística. Em maio, a rede varejista se aliou ao aplicativo "Eu Entrego", com mais de 40 mil entregadores autônomos cadastrados, para contornar os desafios da infraestrutura logística brasileira.
"Queríamos testar outros parceiros", afirmou o diretor de logística, acrescentando que as duas parcerias complementam a estratégia de construir pequenos galpões em lojas físicas, os chamados "minihubs", para reduzir em 80 por cento o tempo das entregas. De acordo com ele, 64 lojas no país já operam como minihubs.
Questionado se mais parcerias estavam no radar, o executivo disse que a Via Varejo não pretende avançar em modalidades já atendidas pela Eu Entrego e Rapiddo. Ele ressaltou que tanto os minihubs quanto os serviços das startups por enquanto ainda não contemplam as vendas de terceiros no marketplace.
"O estoque fica a cargo do 'seller' (vendedor terceiro no marketplace), mas quem sabe no futuro não podemos oferecer esse serviço a eles", comentou Liberali Filho.
No terceiro trimestre, o marketplace da Via Varejo, que reúne 4 mil vendedores, cresceu 19,5 por cento ano a ano, representando 26,2 por cento do Gross Merchandise Volume (GMV), indicador que mede o total de vendas online, de acordo com o balanço.
Representantes de varejistas rivais reiteraram nas últimas semanas as apostas na expansão das plataformas para vendas de terceiros.
Em teleconferência com analistas, o presidente da Magazine Luiza (SA:MGLU3), Frederico Trajano, disse que o marketplace tende a ser um dos principais vetores de crescimento da empresa e que os esforços de logística no ano que vem serão voltados para absorver volumes de terceiros.
Executivos da B2W (SA:BTOW3), por sua vez, citaram planos de dobrar para 200 mil metros quadrados a capacidade de armazenagem disponibilizada aos vendedores do seu marketplace.
Em 2018, as units da Via Varejo acumulam queda de cerca de 34 por cento, enquanto as ações das rivais B2W e Magazine Luiza contabilizam ganhos ao redor de 58 e 92 por cento, respectivamente.