Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério Público Federal pediu ao Twitter (NYSE:TWTR) (SA:TWTR34) explicações sobre o porquê da plataforma não ter, no Brasil, um canal de denúncias sobre notícias falsas, especialmente sobre a Covid-19, como acontece na Europa e nos Estados Unidos.
O ofício, assinado pelo procurador Yuri Corrêa da Luz, da Procuradoria dos Direitos do Cidadão do MPF em São Paulo, dá 10 dias para que a empresa e sua representante legal no Brasil, Fiamma Zarife, expliquem o porquê de a ferramenta não existir, se estão sendo tomadas providências para que o canal seja criado e o porquê de conteúdos de desinformação sobre a Covid-19 continuarem circulando amplamente no Twitter brasileiro.
O Twitter brasileiro possui um canal de denúncias, mas entre os motivos para que uma conta ou postagem seja denunciado não está a disseminação das chamadas fake news, o que leva o usuário a escolher outra alternativa, que pode ser por exemplo que está incomodado com a postagem ou que incentiva suicídio. No entanto, pelas postagens com notícias falsas não se encaixarem perfeitamente nas razões, acabam não sendo retiradas do ar.
O procurador pede ainda que a plataforma explique o critério para concessão da chamada verificação das contas, um selo dado pelo Twitter para pessoas e empresas e que confere credibilidade, já que confirma que aquela não é uma conta falsa.
No entanto, o Twitter tem verificado contas conhecidas por transmitirem desinformação em relação a pandemia e outros temas. O caso mais recente foi o de Bárbara Destefani, bolsonarista que está sendo investigada pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Tribunal Superior Eleitoral pela divulgação de notícias falsas.
O canal no YouTube de Bárbara --que usa nas redes o nome "Te Atualizei-- foi incluído entre os 11 que o TSE mandou a rede social desmonetizar, ou seja, suspender os pagamentos feitos pela atração de anúncios.
A informação de que a conta recebeu o selo de verificação virou um movimento contrário dentro do próprio Twitter. Em sua conta, Bárbara credita a reação a uma perseguição por ser bolsonarista.