Por Jemima Kelly e Huw Jones
LONDRES (Reuters) - Seis semanas após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia ter posto em dúvida o futuro de Londres como um centro mundial líder em fintechs, há sinais iniciais de que a reputação do país de inovação em serviços financeiros sobreviverá.
Algumas das empresas iniciantes de tecnologia que o Reino Unido estimulou para tornar seu setor financeiro mais eficiente estão menos ansiosas do que estavam anteriormente sobre a decisão.
"A primeira semana foi triste, as pessoas ficaram confusas e não entenderam a realidade de tudo", disse Daumantas Dvilinskas, de 28 anos, que chefia uma das dúzias de fintechs agrupadas em três andares da torre One Canada Square (NYSE:SQ), no complexo de edifícios Canary Wharf.
As startups do espaço chamado "Level 39" no Canary Wharf, que concentra fintechs, se preocupavam que a decisão de 23 de junho de deixar a UE custaria ao Reino Unido acesso ao mercado único europeu, encolheria o número disponível de talentos, afastaria investidores estrangeiros e prejudicaria o status das fintechs no país.
O acesso ao mercado único permanece importante e incerto, já que o governo ainda precisa esclarecer que tipo de acordo vai buscar com a UE em conversas que podem levar anos.
Isso colocou muitas empresas em compasso de espera e levou algumas, incluindo fintechs, a considerar deixar o Reino Unido.
Mas uma série de startups do setor, que deve boa parte de seu sucesso à crise financeira de 2008-09, quando as pessoas perderam a fé em bancos e outras instituições financeiras e buscaram alternativas, já estão mostrando suas habilidades de adaptação.
A tecnologia financeira mira oferecer serviços baseados na Internet ou soluções baseadas smartphones mais baratas e fáceis de usar como aplicativos de pagamento e plataformas para empréstimo de ponta a ponta, ou moedas digitais como as bitcoins.
Diversas empresas fecharam rodadas de financiamento desde o referendo, incluindo a plataforma de empréstimo ponta a ponta MarketInvoice. A companhia permite que pequenas empresas vendam suas faturas a investidores e evitem problemas com fluxo de caixa por conta de pagamentos atrasados.
"Depois do resultado do referendo britânico, muitos podem perceber o investimento em fintechs como um risco", disse Sylwester Janik, sócio sênior da MCI Capital, empresa de capital de risco polonesa que investiu 7,2 milhões de libras na MarketInvoice.
"Vemos uma desaceleração econômica e o setor bancário distraído como uma potencial oportunidade para impulsionar o crescimento da plataforma."