Por Francesco Guarascio e Julia Fioretti
BRUXELAS (Reuters) - Os Estados membros da União Europeia precisam estabelecer uma abordagem comum para interceptar legalmente serviços online como o Skype, de forma a conter o fluxo de cidadãos europeus que regressam da Síria radicalizados e treinados, disse a agência de cooperação judiciária do bloco.
Desde os ataques de militantes islâmicos contra o semanário satírico Charlie Hebdo em Paris, no mês passado, a segurança ganhou força na agenda política e as empresas da Internet estão sob os holofotes pelo fato de os militantes usarem as mídias sociais para difundir a propaganda jihadista e recrutar novos membros.
"O uso da Internet para fins terroristas impõe uma sobrecarga adicional para investigações e processos de combatentes estrangeiros", diz o relatório Eurojust, discutido por uma comissão do Parlamento Europeu na quinta-feira e visto pela Reuters nesta sexta-feira.
O relatório ressalta que "a interceptação de Voz sobre IP (Voice over Internet Protocol, ou VoIP) de comunicações (por exemplo, Skype e Viber, entre outros) é problemática e dificulta seriamente as investigações pertinentes", e que "uma abordagem harmonizada em nível da UE pode ser necessária para enfrentar dificuldades técnicas e desafios jurídicos na coleta e aceitação de provas obtidas pela Internet".
Por exemplo, os dados recolhidos online a partir de diferentes jurisdições levantam questões quanto à sua aceitação nos tribunais e exigem que as autoridades judiciais nacionais cooperem.
"A Eurojust recomenda a troca de experiências, incluindo o agrupamento e divulgação das melhores práticas e os desafios encontrados pelas autoridades judiciais nacionais no uso de informações extraídas do Internet como fonte de provas em casos de terrorismo", disse o relatório.
O texto também destaca o problema do congelamento de contas de redes sociais pessoais, como no Facebook, quando o prestador de serviços de Internet está localizado em um país diferente.
Chefes de Estado da UE se reúnem em Bruxelas na próxima semana para discutir formas de luta contra a radicalização, incluindo a remoção de propaganda jihadista da Internet com o apoio de empresas da web, de acordo com um esboço de comunicado dos líderes do bloco visto pela Reuters. 2015-02-06T131038Z_1006940001_LYNXMPEB150KQ_RTROPTP_1_MUNDO-UE-MILITANTES-SKYPE.JPG