Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, fará seu primeiro evento de campanha em uma cidade abalada por conflitos nesta quinta-feira quando viajar a Kenosha, no Wisconsin, que se tornou o campo de batalha mais recente dos protestos contra a brutalidade policial e a injustiça racial.
O presidente dos EUA, Donald Trump, seu oponente na eleição de 3 de novembro, fez dos tumultos civis um tema cada vez mais destacado de sua campanha à reeleição. Mas o campo de Biden diz que sua visita a Kenosha tentará "unir os americanos para se curarem" convocando uma reunião comunitária na cidade, onde as tensões continuam altas desde que a polícia baleou o negro Jacob Blake na semana passada.
A visita representa uma mudança de tática considerável do ex-vice-presidente --Biden tem evitado ir para longe de seu reduto político, o Estado de Delaware onde mora, argumentando que a pandemia de coronavírus exige cuidado.
Trump visitou Kenosha para apoiar as forças da lei no início desta semana contra a vontade dos líderes locais, que temiam que ele agravasse a situação. Ele não se encontrou com Blake, que ficou paralisado da cintura para baixo depois que um policial branco o baleou nas costas sete vezes no dia 23 de agosto, nem sua família.
Ao invés disso, Trump insinuou que democratas como Biden são coniventes com os protestos violentos, que em certas ocasiões interferiram com manifestações pacificas, apesar de Biden ter repudiado a violência várias vezes.
O presidente também defendeu as ações de um apoiador de 17 anos que foi acusado de matar duas pessoas e ferir outra com um rifle semiautomático durante um confronto com ativistas antirracismo em Kenosha.
Biden, por sua vez, acusou Trump de atiçar conflitos para assustar eleitores e facilitar sua reeleição – o Wisconsin é um campo de batalha eleitoral crucial.
"Donald Trump olha esta violência e vê uma tábua de salvação política", disse Biden durante um discurso em Pittsburgh na segunda-feira.
Os protestos que aconteceram em todo o país desde que a polícia de Mineápolis matou o negro George Floyd em maio colocaram Biden em uma posição política difícil em algumas ocasiões. Ele e sua colega de chapa, Kamala Harris, elogiam a energia do movimento Black Lives Matter, mas não endossam seus objetivos de acabar com o financiamento ou mesmo eliminar departamentos municipais de polícia.
Isso não impediu a campanha Trump de insinuar que Biden está mancomunado com o movimento.
"Estes são radicais de esquerda alinhados à ala extremista antipolícia de seu partido, e eles controlam o Partido Democrata, e portanto controlam Joe Biden", disse o porta-voz de Trump, Tim (SA:TIMP3) Murtaugh, na quarta-feira.
(Reportagem adicional de Alexandra Alper e Michael Martina)