Por David Brunnstrom e Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) - Em sua malsucedida campanha de reeleição, Donald Trump alertou repetidamente que uma vitória de Joe Biden seria um triunfo para a China, que "governaria a América".
Apesar da retórica, há poucos indícios de que Pequim encontrará em Biden uma alternativa fraca a Trump, que mudou drasticamente a narrativa para enfrentar a segunda maior economia do mundo em seu último ano no poder.
Mesmo antes de Trump assumir o cargo, as últimas administrações democratas do presidente Barack Obama e do então vice-presidente Biden endureceram significativamente sua atitude em relação à China.
Depois dos esforços iniciais para negociar com Pequim, o governo Trump foi além, pressionando duramente contra as tentativas da China de estender sua influência global, recebendo alguns elogios dos assessores de Biden, apesar de uma campanha eleitoral muito acirrada.
Biden não apresentou uma estratégia detalhada para a China, mas tudo indica que ele continuará com uma abordagem dura para Pequim.
Diplomatas, analistas e ex-funcionários que aconselharam a campanha de Biden, no entanto, esperam um tom mais comedido após as ameaças de Trump e uma ênfase na "competição estratégica" ao invés do confronto direto.
Dito isso, Biden às vezes foi mais longe do que o presidente em seus ataques à China.
Ele se referiu ao líder chinês Xi Jinping como um "valentão" e prometeu liderar uma campanha internacional para "pressionar, isolar e punir a China".
Sua campanha também chamou as ações de Pequim contra os muçulmanos em Xinjiang de "genocídio", um passo além da política atual, com implicações importantes se essa designação for formalizada.
"Os Estados Unidos precisam ser duros com a China", disse Biden em um artigo publicado em março, enquanto a pandemia do coronavírus, que começou na cidade chinesa de Wuhan, espalhava-se.
"A maneira mais eficaz de enfrentar esse desafio é construir uma frente unida de aliados e parceiros dos EUA para enfrentar o comportamento abusivo da China e as violações dos direitos humanos."
Na mesma frase, Biden também escreveu sobre buscar cooperar com Pequim em questões para "as quais nossos interesses convergem", como mudanças climáticas e segurança da saúde pública global.