Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista teve queda firme nesta sexta-feira, após alta acima do esperado da inflação no Brasil. As perdas cresceram no fim da tarde, acompanhando a piora em Wall Street, com incertezas ligadas à guerra na Ucrânia.
Petrobras, Vale e bancos estiveram entre as maiores pressões sobre o índice. MRV despencou com perspectiva mais incerta para o setor imobiliário. Empresas do setor de telefonia e algumas exportadoras de commodities ficaram na ponta contrária.
O Ibovespa caiu 1,72%, a 111.713,07 pontos e teve queda de 2,4% na semana, a pior desde meados de novembro. O volume financeiro da sessão foi de 28,3 bilhões de reais.
Após declaração de Putin de que "há certas mudanças positivas" nas negociações com a Ucrânia houve alívio nos mercados pela manhã, mas as incertezas sobre a guerra voltaram a pesar no final do dia.
Enquanto isso, investidores preparam-se para decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Por aqui, a expectativa é de alta de 1 ponto percentual da Selic pelo Banco Central, mostrou uma pesquisa da Reuters, enquanto nos EUA a alta deve ser de 0,25 ponto percentual.
Os principais índices de ações em Nova York caíram, com destaque para queda de 2,2% do Nasdaq.
No Brasil, a notícia mais importante foi a de que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou a 1,01% em fevereiro frente a janeiro, ante expectativa de alta de 0,95% em pesquisa da Reuters.
O número reitera temores com relação às perspectivas para os próximos meses, já que veio após a Petrobras anunciar na véspera a elevação dos preços do diesel e da gasolina.
"Tivemos uma sessão um pouco volátil", diz Fabrício Gonçalvez, presidente-executivo da Box Asset Management, que espera manutenção dessa volatilidade, já que há "muita indecisão pairando no mercado", citando inflação, juros e a guerra.
A partir de segunda-feira, o mercado à vista de ações da B3 (SA:B3SA3) passa a operar das 10h às 17h (e não mais até 18h), acompanhando o fim do horário de verão dos Estados Unidos.
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Destaques
MRV (SA:MRVE3) afundou 11,9%, maior queda desde março de 2020, enquanto Eztec (SA:EZTC3) ON perdeu 6,4% e Cyrela ON (SA:CYRE3) cedeu 4,2%. O movimento veio após o balanço de Tenda, o que levantou expectativas negativas para outras empresas da construção civil. A Tenda teve prejuízo líquido de 269 milhões de reais no quarto trimestre, frustrando analistas. Tenda (SA:TEND3) despencou 25,1%. Além disso, o cenário de alta de juros após a alta do IPCA corrobora visões de cenário mais adverso para financiamento imobiliário no país.
Petrobras PN (SA:PETR4) caiu 3,6%. A ação ON cedeu 2,4%, mesmo com alta de 3,1% do petróleo Brent. Petro Rio SA (SA:PRIO3) recuou 3,5% e 3R Petroleum Óleo e Gás SA (SA:RRRP3) cedeu 2,4%.
Telefonica Brasil SA (SA:VIVT3) subiu 1,2%, enquanto Tim (SA:TIMS3) avançou 1%. Na quarta-feira, o Cade manteve decisão que liberou a venda dos ativos de telefonia móvel da Oi (SA:OIBR3) para as rivais TIM, Telefônica Brasil (SA:VIVT3) e Claro.
Vale (SA:VALE3) caiu 0,5%, apesar da alta do minério de ferro na China. Contratos do níquel, que ainda tem negociações interrompidas na bolsa de Londres, recuaram em Xangai até o limite de negociação, após suspensão dos negócios na véspera. Siderúrgicas tiveram desempenhos mistos.
Americanas SA (SA:AMER3) ON perdeu 6,8%, Magazine Luiza (SA:MGLU3) apontou queda de 4,5% e VIA ON cedeu 1,8%, com o dado de inflação piorando estimativas para o varejo.
Klabin (SA:KLBN11) subiu 0,9% e Suzano (SA:SUZB3) ON teve alta de 0,4%.
Nu Holdings (Nubank) (NYSE:NU)(SA:NUBR33) perdeu 7,2%, StoneCo Ltd (NASDAQ:STNE) (SA:STOC31) caiu 6,1% e Pagseguro (NYSE:PAGS) (SA:PAGS34) recuou 2,6% em Nova York, com o mercado repercutindo a divulgação de novas medidas do BC que amplia exigências para funcionamento de fintechs maiores.
(Por Andre Romani)