Com papa no hospital, Vaticano quebra tabus centenários para discutir saúde

Publicado 25.02.2025, 11:01
Atualizado 25.02.2025, 11:05
© Reuters. Estátua do falecido papa João Paulo 2º com pessoas rezando do lado de fora do Hospital Gemelli, onde o papa Francisco está internado em Roman 25/2/2025     REUTERS/Claudia Greco

Por Joshua McElwee

CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Durante séculos, um dos maiores tabus no Vaticano foi discutir abertamente a saúde do papa. Como líder dos 1,4 bilhão de católicos do mundo, o papa é uma figura espiritual reverenciada. Falar sobre sua saúde terrena era profano.

Mas, enquanto o papa Francisco luta contra uma pneumonia dupla no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro, o Vaticano está tentando algo novo. A assessoria de imprensa da Santa Sé tem fornecido atualizações diárias sobre sua condição.

Ela forneceu detalhes como o uso de oxigênio de alto fluxo pelo papa e sua necessidade de transfusões de sangue, e até descreveu uma "crise respiratória prolongada semelhante à asma" em 22 de fevereiro.

"Fiquei cautelosamente impressionado", disse Greg Erlandson, um jornalista norte-americano que cobre o Vaticano há décadas.

Em conjunto, as atualizações "aumentam a confiança de que estamos recebendo um resumo bastante preciso" da condição do papa, afirmou Erlandson, ex-editor-chefe do Catholic News Service.

John Thavis, correspondente do Vaticano em três papados, disse que a nova transparência "se encaixa no estilo aberto de Francisco de se comunicar, mas é um desvio da tradicional reserva do Vaticano sobre o tema da saúde papal".

Dois dos médicos que tratam de Francisco disseram em uma entrevista coletiva em 21 de fevereiro que foi o próprio papa quem ordenou as atualizações diárias.

O médico Sergio Alfieri, do hospital Gemelli, afirmou que as instruções eram para escrever atualizações "sem reter nada".

Uma pessoa conhecida por falar frequentemente com Francisco, que pediu para não ter seu nome divulgado para não discutir as preferências do papa sem autorização, disse que o próprio pontífice ajudou a redigir as atualizações em seus primeiros dias no hospital e pressionou seus médicos a darem detalhes mais específicos sobre a condição e tratamento.

Thavis declarou que Francisco "queria que a gravidade de sua condição ficasse clara".

As autoridades do Vaticano não falaram publicamente sobre os motivos das atualizações detalhadas, mas, em particular, várias autoridades expressaram preocupação com a disseminação de informações errôneas.

Logo depois que o papa foi internado no hospital, publicações nas mídias sociais começaram a afirmar que ele havia morrido ou recebido a extrema-unção. Também começaram a circular imagens falsas geradas por inteligência artificial que pretendiam mostrá-lo sendo mantido vivo com a ajuda de um ventilador.

As atualizações médicas diárias do papa têm informado repetidamente que ele está respirando por conta própria, mas ocasionalmente recebe oxigênio, conforme necessário, por meio de um pequeno tubo sob o nariz.

"O Vaticano finalmente aprendeu que é melhor ser franco do que deixar que os teóricos da conspiração preencham o vazio", disse Tom Reese, um padre jesuíta e comentarista que cobriu o papado de perto.

O papa João Paulo 2º, cujo papado durou de 1978 a 2005, teve tremores visíveis por anos antes que o Vaticano finalmente confirmasse em 2003 que ele tinha mal de Parkinson.

E o câncer de estômago que afligiu o papa João 23 por pelo menos oito meses só foi revelado muito depois de sua morte em 1963.

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