Por Karl Plume e Nathan Frandino
ASHEVILLE, Carolina do Norte (Reuters) - Um exército de voluntários, incluindo pilotos de helicóptero e donos de burros de carga, está ajudando a entregar suprimentos e a resgatar vítimas isoladas após uma das tempestades mais letais da história recente atingir as montanhas do oeste do Estado norte-americano da Carolina do Norte.
Uma semana após o furacão Helene atingir os EUA e devastar vastas áreas de meia dúzia de Estados, milhares de pessoas permanecem isoladas, com muitas estradas intransitáveis e equipamentos de telecomunicações danificados ou destruídos. O isolamento das comunidades montanhosas complicou o enorme esforço de ajuda empreendido pelas autoridades federais, estaduais e locais.
Vários grupos de voluntários que complementam os canais oficiais de socorro a desastres estão se disponibilizando para ajudar, parte de uma tendência que começou com a chamada Cajun Navy, uma flotilha de voluntários civis que ajudou a resgatar pessoas presas na Louisiana pelo furacão Katrina em 2005.
Helene, que matou mais de 200 pessoas, é considerada a tempestade mais letal a atingir a parte continental dos EUA desde que o Katrina deixou quase 1.400 mortos, de acordo com um relatório da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
O número de pessoas desaparecidas após a passagem da tempestade Helene ainda não está claro. As autoridades estimaram o número na casa das centenas no início da semana, mas esse número diminuiu à medida que as comunicações foram sendo restabelecidas e as vítimas que ficaram presas foram localizadas.
Um dos grupos de voluntários que está participando dos esforços de socorro é o Altitude Project, um grupo de pilotos particulares que afirma ter arrecadado 200.000 dólares em um período de 24 horas nesta semana para financiar as operações.
O projeto consiste em uma "rede afluente" de cidadãos que pensam da mesma forma, disse Andrew Everhart, proprietário de uma agência de seguros e que faz parte da operação. Os voluntários incluem um piloto profissional de carros de corrida, o proprietário de uma empresa de distribuição e logística e outros que trabalham no setor imobiliário comercial e na criação de conteúdo de redes sociais, disse.
"São muitos caras que têm jatos e helicópteros e muitos contatos, e decidimos simplesmente nos unir e criar nosso próprio projeto para ajudar as pessoas", disse Everhart.
O Altitude Project está fornecendo suprimentos de um armazém de 2.320 m² em North Charlotte para as comunidades próximas a Asheville devastadas pela tempestade, que derrubou cerca de 500 milímetros de chuva na região em questão de horas.
"Normalmente, o governo leva três, quatro ou cinco dias para coordenar uma resposta, então decidimos entrar em ação", disse Everhart.
A resposta oficial inclui 1.000 militares da ativa, enviados pelo presidente norte-americano, Joe Biden. Além disso, 4.800 pessoas da força de trabalho federal e 6.000 membros da Guarda Nacional de 12 Estados foram deslocados para o local, de acordo com a Casa Branca.
Outros 600 funcionários de busca e resgate deveriam chegar e complementar o número incontável de equipes de resgate e socorro estaduais e locais.
Os voluntários estão se mobilizando para reforçar essas forças. Outros foram por terra a pé -- ou montados em burros.
Sam Perkins postou uma história no TikTok sobre como ele caminhou 18 quilômetros por terreno montanhoso para chegar a seus pais em Little Switzerland, cerca de uma hora de carro a nordeste de Asheville, depois de não conseguir contactá-los desde a tempestade.
“Meu pai disse que era como ver uma aparição”, disse Perkins. "É claro que fiquei exultante e comecei a chorar e dei-lhe um grande abraço."
O fazenda Mountain Mule Packer, em Raeford, Carolina do Norte, está transportando suprimentos para áreas isoladas com ajuda de burros de carga, de acordo com postagens no Facebook (NASDAQ:META).
A Mountain Mule Packers é especializada em “abastecimento com animais para terrenos extremos” e serviços para unidades militares que operam em áreas remotas e de alta altitude, de acordo com seu site.
(Reportagem de Karl Plume, em Asheville, Carolina do Norte; e Nathan Frandino em Swannanoa, Carolina do Norte)