(Reuters) -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que o governo está "recalibrando" com a Petrobras (BVMF:PETR4) a reoneração dos combustíveis para evitar impactos sobre os preços nas bombas, sugerindo que a estatal vai promover nova redução de preços em julho para compensar o aumento da taxação.
"O aumento previsto para 1º de julho vai ser absorvido pela queda do preço que foi deixada para esse dia", disse Haddad em audiência em comissões na Câmara dos Deputados.
"Nós não baixamos tudo que podíamos justamente esperando o 1º de julho, quando acaba o imposto de exportação e acaba o ciclo de reoneração", acrescentou o ministro, em referência ao corte de preços anunciado pela Petrobras esta semana.
A Petrobras não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
O governo editou em fevereiro medida provisória estabelecendo uma reoneração parcial de gasolina e etanol por um prazo de quatro meses, associada a uma taxação das exportações de petróleo pelo mesmo período, em movimento para recuperar cerca de 29 bilhões de reais de arrecadação neste ano.
A reoneração se deu após o governo anterior, do presidente Jair Bolsonaro, ter reduzido temporariamente a taxação dos combustíveis em uma tentativa de conter a inflação no ano eleitoral. A MP do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda tramita no Congresso, prevê que, ao fim do prazo de quatro meses, gasolina, etanol, querosene de aviação e GNV serão reonerados integralmente.
Na terça-feira, a Petrobras anunciou um corte nos preços de gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) vendidos às distribuidoras a partir desta quarta como resultado de uma reformulação em sua estratégia comercial, que deixará de seguir a paridade de preços de importação.
O preço da gasolina vendida nas refinarias da Petrobras foi reduzida em 0,40 real o litro, ou 12,6%, e o diesel teve um corte de 0,44 real o litro, ou quase 13%. Já o GLP, o chamado gás de cozinha, foi reduzido em 8,97 reais por botijão de 13kg, o equivalente a um corte de 21,39%.
Haddad indicou que o corte poderia ter sido maior, mas o governo optou por manter uma margem para ser usada no momento de alta da tributação.
"E como vai acontecer com o diesel no final do ano, já deixou uma gordura para acomodar a reoneração", disse Haddad.
(Reportagem de Eduardo Simões e Marcela AyresEdição de Isabel Versiani e Pedro Fonseca)