Trump declara fim da guerra em Gaza após troca de últimos reféns israelenses e detidos palestinos

Publicado 13.10.2025, 12:02
Atualizado 13.10.2025, 18:21
© Reuters.

Por Nidal al-Mughrabi e Maayan Lubell

CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - O Hamas libertou os últimos reféns israelenses vivos nesta segunda-feira, sob um acordo de cessar-fogo, e Israel enviou para casa ônibus repletos de palestinos que estavam detidos, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, declarava o fim da guerra de dois anos que abalou o Oriente Médio em geral.

Horas depois, Trump reuniu líderes muçulmanos e europeus no Egito para discutir o futuro da Faixa de Gaza e a possibilidade de uma paz regional mais ampla, mesmo que o Hamas e Israel, ambos ausentes da reunião, ainda não tenham chegado a um acordo sobre os próximos passos.

O Exército israelense disse que recebeu todos os 20 reféns confirmados como vivos, após serem transferidos de Gaza pela Cruz Vermelha. O anúncio provocou aplausos, abraços e choro entre milhares de pessoas que aguardavam na "Praça dos Reféns", em Tel Aviv.

Em Gaza, milhares de parentes, muitos chorando de alegria, reuniram-se em um hospital onde ônibus trouxeram para casa alguns dos quase 2.000 prisioneiros e detentos palestinos libertados por Israel como parte do acordo.

"Os céus estão calmos, as armas estão silenciosas, as sirenes estão paradas e o Sol nasce em uma Terra Santa que finalmente está em paz", disse Trump ao Knesset, o Parlamento de Israel, afirmando que um "longo pesadelo" para israelenses e palestinos havia terminado.

Os EUA, juntamente com o Egito, o Catar e a Turquia, mediaram o que foi descrito como a primeira fase de um acordo entre Israel e o Hamas para um cessar-fogo e a libertação de reféns pelo Hamas e de prisioneiros e detentos por Israel.

No resort de praia egípcio de Sharm el-Sheikh, no final desta segunda-feira, Trump e o presidente Abdel Fattah al-Sisi receberam mais de 20 líderes mundiais para uma cúpula destinada a consolidar a trégua.

Na abertura da cúpula, Trump assinou um documento com os líderes do Egito, do Catar e da Turquia dando as boas-vindas aos acordos sobre Gaza e comprometendo-se a "trabalhar coletivamente para implementar e sustentar esse legado".

Segundo a Presidência do Egito, as discussões incluíram a governança, a segurança e a reconstrução de Gaza.

"Agora começa a reconstrução", disse Trump na cúpula, em um discurso expansivo em que descreveu em termos grandiosos o acordo de Gaza que ele ajudou a intermediar, dizendo que poderia ser "o maior acordo de todos".

Israel e o Hamas não tinham representantes na cúpula, e  líderes da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos não compareceram.

Em determinado momento, Trump cumprimentou o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que conversou longamente com o líder dos EUA. A Autoridade Palestina quer desempenhar um papel importante na futura administração de Gaza, apesar das objeções de Israel.

OBSTÁCULOS 

Os reféns israelenses libertados nesta segunda-feira eram os últimos ainda vivos em cativeiro dos 251 capturados nos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que mataram 1.200 pessoas e desencadearam a guerra.

O cessar-fogo e a retirada parcial israelense interromperam uma das maiores ofensivas de Israel na guerra. Desde então áreas foram reduzidas a um terreno baldio pelo bombardeio israelense que matou 68.000 pessoas, de acordo com autoridades de saúde de Gaza.

Permanecem obstáculos, no entanto, até mesmo para garantir um cessar-fogo duradouro, e muito mais para trazer uma paz mais ampla e duradoura. Entre as questões imediatas que ainda precisam ser resolvidas está a recuperação dos restos mortais de outros 26 reféns israelenses que se acredita terem morrido e de dois cujo destino é desconhecido.

O Hamas diz que a recuperação dos corpos pode levar tempo, pois nem todos os locais de sepultamento são conhecidos. Os militares israelenses disseram que escoltaram quatro caixões contendo restos mortais de reféns que estavam sendo identificados.

Suprimentos de ajuda precisam ser levados às pressas para o enclave, onde centenas de milhares de pessoas enfrentam a fome extrema. O chefe de ajuda da ONU, Tom Fletcher, enfatizou a necessidade de "levar abrigo e combustível para as pessoas que precisam desesperadamente e aumentar maciçamente a quantidade de alimentos, medicamentos e outros suprimentos que estão chegando".

Além disso, questões cruciais ainda precisam ser resolvidas, incluindo como governar e policiar Gaza e o futuro definitivo do Hamas, que ainda rejeita as exigências de Israel para se desarmar.

Homens armados do Hamas, buscando afirmar sua presença, lançaram uma repressão de segurança na Cidade de Gaza após a retirada de Israel, matando 32 membros de um grupo rival, disse uma fonte de segurança palestina.

As tensões também têm aumentado na Cisjordânia ocupada por Israel, onde os assentamentos judaicos se expandiram nas terras que os palestinos imaginam como parte de um futuro Estado.

(Reportagem de Maayan Lubell, Steven Scheer e Alexander Cornwell em Jerusalém, Nidal al-Mughrabi, Menna Alaa El-Din e Jaidaa Taha no Cairo, Andrew Mills em Doha, Evelyn Hockstein a bordo do Air Force One, Jana Choukeir, Ahmed Elimam e Tala Ramadan em Dubai)

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