Importações da China caem com fraqueza da demanda e intensificação da guerra comercial

Publicado 07.03.2025, 07:33
Atualizado 07.03.2025, 07:35
© Reuters. Caminhões passam pela Ponte Donghai para sair do Porto de Yangshan, Chinan07/02/2025.  REUTERS/Go Nakamura

Por Joe Cash

PEQUIM (Reuters) - As importações da China encolheram inesperadamente no período de janeiro a fevereiro, enquanto as exportações perderam força, no momento em que a escalada das pressões tarifárias dos Estados Unidos lança uma sombra sobre a recuperação da segunda maior economia do mundo.

Nos dois primeiros meses do ano, houve o início de uma nova guerra comercial entre os EUA e a China, com o presidente norte-americano, Donald Trump, impondo uma taxa extra de 10% sobre os produtos chineses, argumentando que Pequim não fez o suficiente para conter o fluxo do opioide fentanil.

Isso fez com que os esforços dos exportadores para adiantar as remessas antes das restrições fossem interrompidos, enquanto a produção também diminuía à medida que os trabalhadores chineses paravam para o festival do Ano Novo Lunar.

As importações caíram 8,4% em janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período do ano anterior, mostraram os dados da alfândega na sexta-feira, contra expectativa de crescimento de 1% previsto em uma pesquisa da Reuters com economistas e um aumento de 1% em dezembro.

As exportações aumentaram apenas 2,3% no mesmo período, ante expectativas de alta de 5% e desacelerando em relação ao ganho de 10,7% de dezembro.

A agência alfandegária da China publica dados comerciais combinados de janeiro e fevereiro para suavizar as distorções causadas pela mudança no calendário do Ano Novo Lunar, que caiu entre 28 de janeiro e 4 de fevereiro neste ano.

Analistas afirmam que a queda nas importações sinaliza que Pequim começou a reduzir as compras de commodities importantes, enquanto se prepara para mais quatro anos de tensões comerciais exaustivas com o segundo governo Trump.

"A queda nas importações é observada em grãos, minério de ferro e petróleo bruto, e pode estar relacionada à própria consideração da China de construir reservas estratégicas", disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.

"A China pode ter importado muitos deles em 2024 e precisa reduzir o volume de compras", acrescentou. "Isso certamente é verdade para o minério de ferro, já que a produção de aço claramente excede o que é necessário para a economia."

O impulso das exportações tem sido, até agora, um ponto positivo para uma economia que luta contra a fraqueza da confiança das famílias e das empresas, causada por uma prolongada crise da dívida no mercado imobiliário.

"(A desaceleração das exportações) pode se dever, em parte, à desaceleração da antecipação das exportações, que foi forte no final do ano passado para evitar a guerra comercial", disse Zhang Zhiwei, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.

"O declínio acentuado das importações pode refletir tanto a fraqueza da demanda doméstica quanto o declínio das importações para o comércio de processamento", acrescentou.

As importações das empresas estatais encolheram 20,6% em comparação com um aumento de 2,7% entre as empresas privadas, mostraram os dados da alfândega, sugerindo que o maior importador de commodities do mundo está confiando mais nos estoques, dado o papel dominante dos compradores estatais.

As importações de petróleo bruto da China caíram 5% nos dois primeiros meses do ano, com a entrada em vigor de sanções mais rígidas dos EUA contra navios que transportam petróleo russo e iraniano. Enquanto isso, a China viu as importações de terras raras despencarem 24,1% e suas importações de cobre caírem 7,2% no mesmo período.

As importações de minério de ferro caíram 8,4% no mesmo período, reduzidas por interrupções relacionadas ao clima no principal produtor, a Austrália.

(Reportagem adicional de Xiuhao Chen, Qiaoyi Li, Liz Lee, Yukun Zhang)

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