MOSCOU (Reuters) - Ramzan Kadyrov, líder da Chechênia apoiado pelo governo russo, disse que está pronto para intervir, se necessário, e garantir que a Síria receba o trigo que necessita.
Ele considerou, contudo, ser o improvável uma interrupção do fornecimento de trigo russo ao país.
Fontes russas e sírias disseram à Reuters na sexta-feira que o fornecimento de trigo russo para a Síria havia sido suspenso devido à incerteza sobre o novo governo do país, depois que dois navios que transportavam trigo russo para a Síria não conseguiram chegar a seus destinos.
Em uma mensagem publicada em seu canal Telegram no domingo, Kadyrov disse que os dois navios redirecionados estavam transportando trigo "comercial" e que os suprimentos russos apoiados pelo Estado para a Síria não haviam sido afetados.
"Mesmo que, por alguma razão impossível e incrível, isso aconteça, eu, como chefe da República Chechena, estou pronto para assumir a responsabilidade e garantir a quantidade necessária de trigo para a Síria", escreveu Kadyrov.
A Rússia, o maior exportador de trigo do mundo, fornece trigo para a Síria por meio de complexos acordos financeiros e logísticos, contornando as sanções ocidentais impostas aos dois países. Não está claro qual parcela do trigo é fornecida pelo Estado.
Kadyrov não especificou como organizaria e financiaria o fornecimento de trigo à Síria se tivesse que intervir e de onde viria o trigo.
Mas ele disse que poderia agir, se necessário, por meio de um fundo de caridade com o nome de seu falecido pai, que ajudou a reconstruir algumas mesquitas e forneceu ajuda humanitária à Síria durante o governo do presidente deposto Bashar al-Assad.
Analistas russos estimam as exportações da Rússia para a Síria em 300.000 toneladas até o momento nesta temporada, com o país ocupando a 24ª posição entre os compradores de trigo russo. Eles estimam as importações totais de trigo da Síria em cerca de 2 milhões de toneladas.
A Rússia é o principal fornecedor de trigo para a Síria, e a interrupção do fornecimento poderia causar fome no país de mais de 23 milhões de pessoas. Fontes disseram à Reuters que os dois lados estão em contato em relação aos suprimentos.
(Reportagem de Olga Popova e Gleb Bryanski)