Por Guy Faulconbridge e Soo-hyang Choi
MOSCOU/SEUL (Reuters) - O líder norte-coreano, Kim Jong Un, inspecionou nesta sexta-feira uma fábrica russa de jatos de combate que está sob sanções ocidentais, parte de uma visita que Washington e seus aliados temem que possa revigorar as Forças Armadas da Rússia na Ucrânia e reforçar o programa de mísseis de Pyongyang.
O presidente russo, Vladimir Putin, e Kim discutiram assuntos militares, a guerra na Ucrânia e o aprofundamento da cooperação quando se encontraram em uma cúpula na quarta-feira.
A Coreia do Sul e os Estados Unidos disseram na sexta-feira que a cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia é uma violação das sanções da ONU contra Pyongyang, e que os aliados garantiriam que houvesse um preço a pagar.
Putin disse aos repórteres que a Rússia "não violaria nada", mas continuaria a desenvolver relações com a Coreia do Norte. Seu porta-voz afirmou que nenhum acordo foi assinado durante a visita de Kim sobre questões militares ou qualquer outro tópico.
Kim, de 39 anos, visitou na sexta-feira as instalações de aviação na cidade de Komsomolsk-on-Amur, no extremo leste do país, a fábrica de aviação Yuri Gagarin e a fábrica Yakovlev, ambas unidades da United Aircraft Corporation, que foi sancionada pelo Ocidente.
Na fábrica de Gagarin, que também é especificamente sancionada pelos Estados Unidos, Kim examinou as oficinas de montagem onde são fabricados o caça multifuncional Sukhoi Su-35 e o caça Su-57, escoltado pelo vice-primeiro-ministro Denis Manturov, informou o governo.
Kim, vestido com um terno e acompanhado por oficiais militares norte-coreanos uniformizados, foi mostrado na televisão estatal russa analisando a cabine de comando de um caça enquanto oficiais russos explicavam suas capacidades por meio de um tradutor.
Em seguida, ele inspecionou as oficinas onde são fabricados os compartimentos da fuselagem e os conjuntos de asas do Sukhoi Superjet 100 da Rússia, antes de assistir a um voo de demonstração do Su-35. Ele acenou aprovando o desempenho do caça.
A Rússia fez o possível para divulgar a visita e dar várias dicas sobre a perspectiva de cooperação militar com a Coreia do Norte, que foi formada em 1948 com o apoio da então União Soviética.
Para Putin, que afirma que a Rússia está envolvida numa batalha existencial com o Ocidente sobre a Ucrânia, cortejar Kim permite a ele instigar Washington e os seus aliados asiáticos, ao mesmo tempo que garante potencialmente um grande fornecimento de artilharia para a guerra na Ucrânia.
Washington acusou a Coreia do Norte de fornecer armas para a Rússia, que possui o maior estoque de ogivas nucleares do mundo, mas não está claro se alguma entrega foi feita.