BERLIM (Reuters) - Mais de três quartos dos alemães acreditam que haverá tensões nos laços entre os Estados Unidos e a Alemanha caso o candidato republicano Donald Trump seja eleito presidente nas eleições americanas de 8 de novembro, mostrou neste domingo uma pesquisa, confirmando o temor de políticos alemães.
A Alemanha é o maior parceiro comercial dos EUA na Europa e o sexto maior mercado para as exportações dos EUA. Os dois países estreitaram os laços desde que os EUA apoiaram a reconstrução de uma Alemanha devastada após a Segunda Guerra Mundial.
A chanceler Angela Merkel tem se mantido em silêncio sobre Trump, apesar dos repetidos ataques do candidato contra sua decisão de acolher quase um milhão de refugiados no país no ano passado. Ainda assim, Trump descreveu Merkel em setembro como "realmente uma grande líder mundial".
No entanto, o presidente alemão, Joachim Gauck, um ex-pastor luterano que atuou como ativista anticomunista pelos direitos civis na antiga Alemanha Oriental, afirmou estar preocupado.
"O que nos causa preocupação, entre outras coisas, é a sua imprevisibilidade", disse Gauck ao Spiegel Online, em uma entrevista publicada neste domingo. "Não podemos dizer o que pode se esperar de um Donald Trump presidente."
Muitos alemães concordam com ele.
Uma nova pesquisa da Emnid mostrou que 77 por cento da Alemanha teme tensões nas relações do país com os EUA caso Trump vença a eleição. Em contrapartida, 67 por cento disseram esperar que os laços entre a Alemanha e os Estados Unidos permaneçam inalterados caso a candidata democrata Hillary Clinton seja eleita.
Entre as principais preocupações da Alemanha está a postura de Trump sobre a Rússia e a aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual ambos países são membros. Em julho, muitos ficaram chocados quando Trump disse que caso a Rússia atacasse um membro da Otan, ele iria avaliar se o país atacado cumpriu seus compromissos de defesa antes de fornecer ajuda militar.
Norbert Roettgen, membro da União Democrata Cristã (CDU) de Merkel e chefe do comitê de relações estrangeiras do parlamento alemão, disse também temer uma pressão sobre os laços entre a Alemanha e os Estados Unidos caso Trump ganhe.
Mas Horst Seehofer, primeiro-ministro do estado da Baviera e chefe da União Social Cristã (CSU (SA:CARD3)), o partido irmão da CDU de Merkel, disse que qualquer um dos candidatos será bem-vindo na Bavária.
"Se o povo americano votar em uma pessoa em uma eleição democrática, os democratas na Alemanha e na Baviera devem aceitar isso", disse Seehofer ao jornal Bild am Sonntag. "Não podemos andar por aí agindo como o grande mestre de todo o mundo".
Na última pesquisa Washington Post-ABC, divulgada neste domingo, Hillary lidera a corrida presidencial com 48 por cento, seguida por Trump, com 43 por cento.
(Reportagem de Andrea Shalal)