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Por Olivia Le Poidevin
GENEBRA (Reuters) - Mais de 150 empresas, incluindo Airbnb, Booking.com BV, Expedia e TripAdvisor, estão operando em assentamentos israelenses na Cisjordânia considerados ilegais pela ONU, mostrou relatório do Escritório de Direitos Humanos da organização nesta sexta-feira.
A lista, que havia sido atualizada pela última vez em 2023, agora tem 68 novos nomes, elevando o total para 158. Para Israel, ela difama injustamente empresas que trabalham legalmente.
As novas adições incluem a grande fabricante alemã de cimento Heidelberg Materials AG, que afirmou ter contestado a lista, dizendo à Reuters que não estava mais ativa no território palestino ocupado. A maioria das novas empresas é domiciliada em Israel.
Sete empresas anteriormente citadas foram retiradas da lista, incluindo a empresa de viagens online registrada no Reino Unido, Opodo, e a agência de viagens online domiciliada na Espanha, eDreams ODIGEO S.A. . Segundo o relatório, há motivos razoáveis para acreditar que elas não estavam mais envolvidas nas atividades que anteriormente justificavam sua inclusão.
Todas as empresas listadas estavam envolvidas em uma ou mais das 10 atividades que, segundo o Escritório de Direitos Humanos, levantaram preocupações específicas. As plataformas de hospedagem listadas não responderam imediatamente às solicitações de comentários da Reuters.
Israel cita laços bíblicos e históricos com a Cisjordânia para contestar a decisão de 2024 da mais alta corte da ONU -- apoiada pela maior parte da comunidade internacional -- argumentando que o território não está ocupado em termos legais porque a terra é disputada.
"Esse banco de dados tem o objetivo de servir como uma lista negra contra empresas que não cometeram nenhum delito, pois não há nenhuma proibição geral na lei internacional contra a atividade comercial em áreas de conflito", disse a missão israelense em Genebra em comunicado.
REMEDIAÇÃO
"Quando as empresas identificam que causaram ou contribuíram para impactos adversos sobre os direitos humanos, elas devem providenciar ou cooperar com a remediação por meio de processos apropriados", diz o relatório.
A maioria das empresas citadas no banco de dados é domiciliada em Israel, mas também inclui empresas internacionais listadas no Canadá, na China e na França, juntamente com as dos Estados Unidos, da Alemanha e de outros países.
O exame minucioso das operações das empresas nos assentamentos israelenses se intensificou desde a campanha militar de Israel em Gaza e o aumento simultâneo das incursões na Cisjordânia que, segundo Israel, têm como alvo os militantes, mas que também prejudicaram civis.
"Esse relatório ressalta a responsabilidade da devida diligência das empresas que trabalham em contextos de conflito para garantir que suas atividades não contribuam para abusos dos direitos humanos", disse o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk.
O relatório também afirma que os Estados devem agir para garantir que as empresas não estejam contribuindo para os abusos.
Há muito tempo, Israel e os EUA protestam contra a "atenção desproporcional" dada a Israel pelo Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra.
Grupos da sociedade civil afirmam que o banco de dados, criado pelo conselho em 2016, é uma ferramenta importante para garantir a transparência em relação às atividades comerciais na Cisjordânia e para levar as empresas a repensar suas atividades.
Os assentamentos israelenses cresceram em tamanho e número desde que Israel conquistou a Cisjordânia na guerra de 1967. Eles se estendem profundamente no território palestino com um sistema de estradas e outras infraestruturas sob controle israelense, dividindo ainda mais a terra.
Na terça-feira, uma Comissão de Inquérito da ONU constatou que, desde outubro de 2023, as políticas israelenses demonstraram clara intenção de transferir palestinos à força, expandir os assentamentos judaicos e anexar toda a Cisjordânia. Israel rejeitou o relatório e disse que a Comissão estava perseguindo uma agenda politicamente orientada.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não permitirá que Israel anexe a Cisjordânia, rejeitando os apelos de alguns políticos de extrema-direita em Israel que querem estender a soberania sobre a área e extinguir as esperanças de um Estado palestino.
(Reportagem de Olivia Le Poidevin)