A duas semanas do 2º turno da eleição para a Presidência da Argentina, 4 pesquisas de intenção de voto indicam um cenário indefinido para o pleito de 19 de novembro, mas com Sergio Massa em vantagem.
O atual ministro da Economia, da coalizão de esquerda Unión por la Pátria, lidera em 2 levantamentos, enquanto há um empate técnico com o candidato de direita, Javier Milei, em duas outras pesquisas. Massa ficou à frente no 1º turno de 22 de outubro, com 36,68% dos votos válidos, contra 29,98% de Milei.
No levantamento feito pela CB Consultora, Milei, que representa a coalizão de direita La Libertad Avanza, tem 50,7% das intenções de voto no 2º turno, contra 49,3% do peronista Sergio Massa. Ambos estão empatados tecnicamente.
Entre aqueles que votaram em Patricia Bullrich no 1º turno, 46% disseram que votariam em Milei, enquanto apenas 14% responderam que apoiariam Massa
O levantamento entrevistou 1.715 argentinos em 23 e 24 de outubro de 2023 e apresenta nível de confiança de 95%. A margem de erro é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos. Eis a íntegra (PDF – 810 kB, em inglês).
Em outras duas pesquisas realizadas depois do 1º turno, o peronista aparece na liderança das intenções de voto com até 10 pontos percentuais contra o libertário.
- Pesquisa Analogias
Numa disputa contra Javier Milei, o representante governista tem 42,4% das intenções de voto contra 34,3% do libertário. O levantamento entrevistou 1.954 argentinos por telefone de 23 a 25 de outubro de 2023. A pesquisa apresenta nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,4%. Eis a íntegra (PDF – 2 MB, em espanhol).
Segundo o levantamento, Massa lidera as preferências com o apoio de 1/3 dos eleitores de Juan Schiaretti, 60% de Myriam Bregman e quase 15% de Patricia Bullrich, da coalizão Juntos por el Cambio, que ficou em 3º lugar na votação presidencial de 22 de outubro.
O Analogias aponta que o candidato da União pela Pátria está crescendo entre mulheres, grupos etários intermediários e pessoas com “menor instrução”. Além disso, 52% dos entrevistados concordam com a formação de um governo de unidade nacional para “enfrentar os desafios atuais da Argentina”.
A formação de um “governo de unidade nacional” foi citada pelo ministro da economia argentino em seu discurso depois da vitória no pleito de 22 de outubro. A proposta mira nos eleitores de espectros mais ao centro e à direita que votaram em candidatos como Milei e Bullrich no 1º turno.
- Pesquisa Proyección
O levantamento indica que Massa tem 44,6% das intenções de voto, contra 34,2% de Milei. Foram obtidos dados de 1.459 argentinos maiores de 16 anos por meio de um questionário online realizado em 23 e 24 de outubro de 2023. A pesquisa possui um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 2,63%. Eis a íntegra (PDF – 2 MB, em espanhol).
O candidato peronista obteve uma taxa de aprovação de 40,3%, enquanto Milei alcançou 38,9%, segundo a pesquisa realizada pela consultora Proyección. Em relação à rejeição, os números foram de 56,4% para Massa e 57,7% para o libertário.
- Pesquisa Zuban Córdoba
Segundo a pesquisa da Zuban Córdoba divulgada pelo jornal Clarin, Massa tem 45,4% das intenções de voto para o 2º turno, enquanto Milei chega a 43,1%. Com uma margem de erro de 2,19%, os candidatos estão novamente em empate técnico. O levantamento foi realizado com 2.000 entrevistados em 28 e 29 de outubro.
O ministro enfrenta uma taxa de rejeição de 56,7%, enquanto o deputado de direita chega a 54,3%. Além disso, a pesquisa revela que entre os seguidores de Bullrich, 28,9% não votariam em Milei no 2º turno, enquanto 45% afirmaram que apoiariam o candidato libertário.
PESQUISAS DO 1º TURNO
As principais pesquisas eleitorais da Argentina para o 1º turno presidencial não foram capazes de prever a dianteira do peronista no resultado que o levou ao 2º turno contra o candidato da coalizão La Libertad Avanza em 22 de outubro.
Das 8 pesquisas mais recentes compiladas pelo Poder360 com base no agregador de pesquisas do jornal La Nación, só a da Atlas Intel (NASDAQ:INTC), realizada de 11 a 13 de outubro por formulário on-line, cravou Massa à frente de Milei. O levantamento foi feito até a data-limite estabelecida pela lei eleitoral argentina, que vedou a publicação de sondagens de intenção de voto a partir de 14 de outubro.
Levantamentos das empresas de pesquisa CB Consultora, Circuitos, Clivajes Consultores, Opinaia, DC Consultores, Proyección e Fixer Asuntos Corporativos punham Milei ou em vantagem (3) ou empatado tecnicamente na margem de erro (4) com Massa.
A apenas duas semanas do 2º turno, a CB Consultora mais uma vez registra um empate técnico entre os candidatos, refletindo um cenário similar ao que apresentou em sua pesquisa anterior, divulgada antes do 1º turno. Por outro lado, a Proyección ainda aponta uma vantagem para Masa sobre Milei na corrida eleitoral de 19 de novembro. Ambas as consultoras não conseguiram prever a vitória do candidato peronista em 22 de outubro.
Cenário Econômico
A Argentina é 2ª maior economia da América do Sul e a 22ª no mundo, com o PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 632,77 bilhões, segundo dados de 2022 do Banco Mundial. O país é ainda o 3º maior parceiro comercial dos brasileiros. O Brasil exportou US$ 15,34 bilhões e importou US$ 13,10 bilhões do país vizinho no ano passado, com saldo de US$ 2,24 bilhões.
Em setembro, a inflação anual argentina avançou para 138,3% e registrou a taxa mensal de 12,7%, a mais alta do país em 21 anos.
Já a taxa de juros, a Leliq, foi elevada pelo BCRA (Banco Central da República da Argentina) para 133% em outubro, em uma tentativa de reforçar o incentivo à poupança em pesos e controlar a alta dos preços.
As reservas de dólares do país também estão em baixa. Até 31 de agosto, o BC argentino tinha US$ 28 bilhões. O presidente Alberto Fernández começou 2023 com US$ 44,6 bilhões em reservas. Na série histórica, desde 2011, o BCRA atingiu a máxima de reservas da moeda norte-americana em 2019, com US$ 77,4 bilhões em caixa. À época, o país era governado por Mauricio Macri.
O índice de pobreza no país atingiu 40,1% no 1º semestre de 2023. No mesmo período do ano passado, estava em 36,5%. O aumento de 3,6 pontos percentuais representa um crescimento previsto de 1,7 milhão de pessoas pobres em todo o país.
Esses 40,1% são a média dos índices do 1º trimestre (38,7%) e do 2º trimestre (41,5%). Os dados constam em relatório (PDF – 893 kB, em espanhol) do Indec (sigla para Instituto Nacional de Estatística e Censos) sobre o rendimento dos argentinos, divulgado em 21 de setembro. Considerando a margem de erro, o nível de pobreza do 2º trimestre no país pode variar de 40% a 43%.
Os dados contemplam 31 aglomerações urbanas, que totalizam 29 milhões de pessoas. Se as percentagens forem estendidas a toda a população (46,2 milhões), incluindo a rural, equivaleria a quase 18,5 milhões de pessoas pobres.
O Indec diz que 62,4% da população argentina recebeu alguma renda no 1º semestre de 2023. A média no 2º trimestre foi de 138,5 mil pesos argentinos (RS 1.954 na cotação atual).