PEQUIM (Reuters) - O Ministério da Defesa da China rejeitou nesta quinta-feira o uso da palavra "repressão" em referência à forma como os militares contiveram protestos pró-democracia dentro e nos arredores da Praça da Paz Celestial de Pequim três décadas atrás.
No dia 4 de junho fará 30 anos que soldados chineses abriram fogo para encerrar os tumultos liderados por estudantes. Grupos de direitos humanos e testemunhas dizem que centenas, ou até milhares, de pessoas podem ter sido mortas.
O acontecimento continua sendo um tabu na China, e não será comemorado oficialmente pelo Partido Comunista ou pelo governo. A China jamais informou o saldo de mortos final.
Indagado durante um boletim à imprensa mensal de rotina se os militares chineses lembrarão o aniversário, o porta-voz do Ministério da Defesa, Wu Qian, rejeitou o uso da palavra "repressão" na pergunta.
"Primeiramente, um esclarecimento. Não concordo que você use a palavra 'repressão'", disse Wu.
"Nos últimos 30 anos, o curso das reformas, do desenvolvimento e da estabilidade da China, os sucessos que obtivemos, já responderam esta pergunta", acrescentou, sem entrar em detalhes.
À época, a China atribuiu os protestos a contrarrevolucionários que queriam derrubar o partido, mas nos últimos anos autoridades do governo, ao responder perguntas da mídia estrangeira, tenderam a simplesmente se referir mais eufemisticamente ao "turbilhão político" do período.
(Por Ben Blanchard)