Por James Mackenzie
JERUSALÉM (Reuters) - O ministro linha-dura da Segurança em Israel, Itamar Ben-Gvir, repetiu o apelo para que judeus possam rezar na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, motivando críticas severas por inflamar as tensões enquanto correm as negociações por um cessar-fogo que interrompa os conflitos em Gaza.
"A política do Monte do Templo permite a oração lá. Ponto final", disse Ben-Gvir a uma rádio do Exército. "O primeiro-ministro sabia que não haveria discriminação desde o momento que eu entrei no governo. Os muçulmanos podem rezar lá e os judeus não?."
Questionado se ele construiria uma sinagoga no local se pudesse, Ben-Gvir respondeu: "Sim, sim".
O escritório do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu imediatamente enviou um comunicado reafirmando a posição oficial israelense, que aceita as regras de décadas restringindo a oração de não-muçulmanos no complexo da mesquita, conhecida como Monte do Templo para os judeus, que a reverenciam como o local de dois templos ancestrais.
"Não há mudança no status quo do Monte do Templo", disse o comunicado do gabinete de Netanyahu.
O complexo religioso na encosta, na cidade velha de Jerusalém, é um dos locais mais sensíveis no Oriente Médio, sagrado tanto para muçulmanos quanto para judeus, e um potencial gatilho para novos conflitos.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, disse que os pedidos de adulteração do status de Al-Aqsa pareciam ter a intenção de "jogar toda a região em uma guerra religiosa que vai queimar a todos".
O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, guardião dos locais sagrados muçulmanos em Jerusalém incluindo a mesquita Al Aqsa, disse considerar a declaração de Ben-Gvir "uma violação da lei internacional e um incitamento inaceitável que demanda um posicionamento claro da comunidade internacional para condenar e confrontar isso".
Ben-Gvir, chefe de um dos dois partidos nacionalistas religiosos de linha-dura da coalizão de Netanyahu, tem um longo histórico de declarações polêmicas, aplaudidas por seus seguidores, mas conflitantes com a linha oficial do governo.
Os comentários desta segunda-feira foram condenados por alguns dos seus colegas de gabinete, mas a dependência de Netanyahu do apoio do partido de Ben-Gvir para manter a sua coalizão intacta significa que o ministro não deve ser demitido ou receber qualquer punição significativa.
Sob um acordo delicado de décadas com as autoridades muçulmanas, Israel permite que judeus visitem a mesquita, mas estão impedidos de orar. O local está no centro do conflito entre israelenses e Palestinos e qualquer sugestão que Israel mudaria as regras geraram violência no passado.
As declarações de Ben-Gvir são feitas menos de duas semanas após o ministro provocar indignação ao visitar o complexo com centenas de apoiadores, muitos dos quais pareciam estar a rezar abertamente, desafiando as regras.
Enquanto isso, negociadores tentam chegar a um acordo para interromper os combates em Gaza e libertar 109 reféns israelenses e estrangeiros. Com a intensificação das tensões com o movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã, no sul do Líbano, os comentários de Ben-Gvir foram criticados por enfraquecerem a posição de Israel.
"Desafiar o status quo no Monte do Templo é um ato perigoso, desnecessário e irresponsável. As ações de Ben-Gvir colocam em perigo o Estado de Israel e seu status internacional", disse em um comunicado no X o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que entrou em confronto repetidamente com Ben-Gvir.
Ben-Gvir também foi criticado por alguns judeus ortodoxos, que consideram o local um lugar sagrado demais até mesmo para os judeus entrarem.