Por Corina Pons e Elena Rodriguez
MADRID (Reuters) - O candidato à presidência da Venezuela, Edmundo González, vai continuar sendo uma "voz muito clara" pressionando por mudanças no país, apesar da fuga em busca de exílio na Espanha, disseram à Reuters os também exilados membros do partido de oposição Antonio Ledezma e Leopoldo Lopez nesta terça-feira.
Com apoio internacional à sua vitória na eleição de 28 de julho que o incumbente Nicolás Maduro afirma ter vencido, González ainda poderia voltar para assumir a vaga de presidente no dia 10 de janeiro, afirmam os dois políticos.
Ledezma, um antigo líder da oposição venezuelana e ex-prefeito da capital Caracas, disse que a fuga de González do país vai servir para fortalecer a causa.
"Edmundo vai ser livre, não vai ficar confinado entre quatro paredes na Venezuela e vai ser capaz de liderar a batalha pela liberdade venezuelana à frente da diáspora", disse Ledezma à Reuters.
Exilados venezuelanos reuniram-se do lado de fora do Parlamento espanhol nesta terça, enquanto deputados da Espanha fizeram uma moção simbólica para reconhecer Gonzalez como o vencedor das eleições. A moção deve ser aprovada na quarta-feira.
A oposição venezuelana diz que a eleição de julho teve uma vitória retumbante para González, de 75 anos, e publicou online atas que dizem mostrar que ele venceu o pleito.
Maduro descartou tais declarações e disse que havia uma conspiração da direita para sabotar o seu governo.
Ledezma disse que González, que não havia sido visto em público desde que viajou para a Espanha no domingo, estava "a salvo, livre e vivo" e se "estabilizando" após alguns dias intensos.
"A coisa mais importante para ele é estar vivo para que ele consiga voltar no dia 10 de janeiro para tomar posse", acrescentou.
Leopoldo Lopez, que foi preso em 2014 por liderar um protesto contra Maduro antes de ser libertado em 2017 e se mudar para a Espanha, pediu por sanções dos EUA e União Europeia contra o petróleo e pessoas do governo venezuelano.
"Hoje, Maduro tem sobrevida por conta das licenças que permitiram que empresas norte-americanas e europeias extraiam e vendam o petróleo venezuelano pelo preço cheio", disse.
Centenas de pessoas, incluindo a filha de González, reuniram-se em frente ao Parlamento espanhol em Madri com bandeiras venezuelanas.
O governo espanhol não reconheceu um vencedor na eleição venezuelana, mas pediu que as atas dos votos fossem publicadas, em linha com a posição da União Europeia.
"Continuaremos trabalhando em soluções para melhorar a democracia na Venezuela e, é claro, aprovaremos o asilo solicitado por Edmundo González e sua esposa", disse a porta-voz Pilar Alegria.