Por Joshua McElwee
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco criticou veementemente na quarta-feira o tratamento dado aos imigrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo para entrar na Europa, dizendo que é um "pecado grave" não oferecer ajuda às embarcações de imigrantes.
"Há aqueles que trabalham sistematicamente e com todos os meios para rejeitar os imigrantes", disse o pontífice durante sua audiência geral semanal na Praça de São Pedro.
"E isso, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave", afirmou ele.
O papa tem falado frequentemente sobre o tratamento dos imigrantes em seus 11 anos de papado. Mas suas palavras na quarta-feira, invocando a terminologia católica para um dos piores tipos de pecado, foram especialmente fortes.
Os imigrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo em barcos simples ou caseiros a partir do norte da África e do Oriente Médio têm sido objeto de intenso debate em toda a Europa na última década.
A Organização Internacional para Migração estima que mais de 30.000 imigrantes atravessando o Mediterrâneo desapareceram desde 2014.
Na Itália, um navio de resgate operado pela instituição de caridade Médicos Sem Fronteiras recebeu uma ordem de detenção de 60 dias na segunda-feira. As autoridades disseram que o navio, que realizou várias operações de resgate em 23 de agosto, não comunicou adequadamente seus movimentos.
Os Médicos Sem Fronteiras refutaram essas alegações. "Fomos sancionados por simplesmente cumprirmos nosso dever legal de salvar vidas", disse a organização em um comunicado.
Na quarta-feira, Francisco pediu a expansão das rotas de acesso para os imigrantes e uma "governança global da imigração baseada na justiça, fraternidade e solidariedade". O papa disse que a questão não seria resolvida por meio da "militarização das fronteiras".
Nas últimas semanas, o papa tem oferecido uma série de reflexões sobre questões espirituais católicas em suas audiências semanais.
No início das falas de quarta-feira, o papa disse que estava adiando essa série nesta semana, para refletir sobre "as pessoas que estão atravessando mares e desertos para encontrar um lugar onde possam viver em paz e segurança".
A audiência de quarta-feira foi a última antes de Francisco, de 87 anos, embarcar na próxima semana para uma ambiciosa visita a quatro países do sudeste asiático, de 2 a 13 de setembro. É a viagem mais longa já realizada pelo pontífice, que agora usa regularmente uma cadeira de rodas devido a dores nos joelhos e nas costas.