Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O falecido cardeal conservador australiano George Pell foi autor de um memorando anônimo que condena o papado do pontífice Francisco como uma "catástrofe" onde o politicamente correto domina e os erros globais são ignorados, disse o jornalista que publicou o documento.
Lançado no ano passado sob o pseudônimo de "Demos" --grego para povo-- o documento acusa o papa de se silenciar sobre questões morais, incluindo a abertura da Igreja Católica alemã à comunidade LGBTQ, mulheres padres e comunhão para os divorciados.
"Comentaristas de todas as escolas, ainda que por razões diferentes... concordam que este pontificado é um desastre em muitos ou na maioria dos aspectos; uma catástrofe", começa o memorando.
"Decisões e políticas são muitas vezes 'politicamente corretas', mas há graves falhas no apoio aos direitos humanos na Venezuela, Hong Kong, China continental e agora na invasão russa", acrescenta.
"Essas questões devem ser revisitadas pelo próximo papa. O prestígio político do Vaticano está agora em baixa."
O jornalista italiano Sandro Magister, ele próprio um católico conservador com um longo histórico de vazamento de documentos autênticos do Vaticano, revelou a autoria de Pell em seu blog de assuntos religiosos "Settimo Cielo (BVMF:CIEL3)".
"Ele queria que eu publicasse", disse Magister à Reuters nesta quinta-feira.
Pell, de 81 anos, que passou mais de um ano na prisão antes de ser absolvido das acusações de abuso sexual em sua terra natal, a Austrália, morreu na noite de terça-feira em um hospital de Roma por insuficiência cardíaca.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que não iria comentar.
(Reportagem de Philip Pullella)