Por Sharon Bernstein e Chris Kahn
(Reuters) - Eleitores mais velhos, escolarizados e brancos ajudaram Donald Trump a conquistar a Casa Branca em 2016. Agora eles estão se inclinando para os democratas em tal quantidade que seus votos podem determinar as disputadas eleições legislativas deste ano de Nova Jersey à Califórnia, mostraram uma nova pesquisa Reuters/Ipsos e uma análise de dados de distritos competitivos.
Em todo o território norte-americano, brancos acima dos 60 anos com diploma universitário agora preferem democratas a republicanos no Congresso por uma margem de dois pontos percentuais, de acordo com uma pesquisa Reuters/Ipsos feita durante os três primeiros meses do ano. Durante o mesmo período de 2016, esse mesmo grupo privilegiou os republicanos no Congresso por uma margem de 10 pontos percentuais.
A guinada de 12 pontos é uma das maiores a favorecer os democratas que a enquete Reuters/Ipsos mediu nos últimos dois anos. Se a tendência se mantiver, os republicanos terão dificuldade de manter o controle da Câmara dos Deputados, e possivelmente do Senado, nas eleições de novembro, o que pode ameaçar a pauta legislativa do presidente Trump.
"O verdadeiro núcleo republicano são os brancos, brancos mais velhos, e se eles estiverem perdendo terreno aí terão um tsunami", disse Larry Sabato, cientista político da Universidade da Virgínia que acompanha atentamente as corridas eleitorais. "Se isso continuar até novembro, eles estão fritos".
Indagada a respeito da mudança, a presidente do Comitê Nacional Republicano, Ronna McDaniel, citou uma arrecadação de fundos robusta e disse que o partido terá campanhas fortes nos Estados mais concorridos. "Não estamos negligenciando nem um único voto", afirmou ela em comunicado.
John Camm é republicano desde o governo Nixon, mas o contador de 63 anos do Estado do Tucson diz que provavelmente apoiará um democrata para o Congresso em novembro. Ele está rompendo com o partido por causa do acesso aos planos de saúde e por causa de sua reforma tributária recente. Ele também defende as medidas de controle das armas que a sigla vem rejeitando.
"Sou um republicano moderado, e mesmo assim meu partido se distanciou disso. Então me deem um democrata moderado".
Camm não está sozinho em seus temores a respeito do sistema de saúde. O número de adultos mais velhos e escolarizados que escolheram o tema como o mais importante na sondagem Reuters/Ipsos triplicou ao longo dos últimos dois anos, indo de 8 para 21 por cento. A pesquisa não perguntou aos entrevistados precisamente quais são suas preocupações quanto ao sistema de saúde.
Estas são variadas, como de praxe. Alguns deles temem a revogação da Lei de Saúde Acessível, principal iniciativa do ex-presidente Barack Obama para oferecer planos de saúde subsidiados a milhões de norte-americanos e ampliar a cobertura de saúde aos pobres. Outros entrevistados citaram os altos custos dos medicamentos e dos cuidados com a saúde em geral.