(Reuters) - A Polícia Federal realiza nesta quinta-feira a 6ª fase da operação Zelotes com mandados de busca e apreensão em sedes do grupo siderúrgico Gerdau (SA:GGBR4) por suspeita de ter tentado sonegar até 1,5 bilhão de reais.
A nova fase da operação Zelotes cumpria 18 mandados de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva em Brasília, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, além de duas oitivas autorizadas judicialmente, realizadas no Complexo da Papuda.
A Zelotes investiga fraudes relacionadas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o suposto pagamento de propina para a edição de medidas provisórias.
Segundo a Polícia Federal, o presidente-executivo do grupo Gerdau, André Gerdau Johannpeter, é alvo de um dos mandados de condução coercitiva. A PF informou também que o mandado ainda não havia sido cumprido, mas que o executivo iria se apresentar voluntariamente ainda nesta quinta-feira.
Procurada pela Reuters na manhã desta quinta, a assessoria de imprensa da Gerdau disse que não havia recebido informação sobre mandados contra o presidente da empresa ou outro executivo.
Em comunicado, a PF diz que a empresa celebrou contratos com escritórios de advocacia e de consultoria, "os quais, por meio de seus sócios, agiram de maneira ilícita, manipulando o andamento, a distribuição e decisões do Carf, visando obter provimento de seus recursos e cancelamento da cobrança de tributos em seus processos".
A Gerdau, por sua vez, afirmou em nota que está colaborando com as investigações e negou envolvimento em qualquer negociação ilegal.
"Com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que tenha ocorrido com esse fim", disse a empresa.
Segundo a PF, todas as medidas judiciais desta fase foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal.
A PF informou também que, mesmo após a deflagração da Zelotes em março do ano passado, foram identificadas evidências da continuidade da prática dos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro por parte do esquema envolvendo conselheiros e ex-conselheiros do Carf, advogados e a siderúrgica.
(Por Maria Pia Palermo, com reportagem adicional de Alberto Alerigi, em São Paulo, e Anthony Boadle, em Brasília)