Por Karolos Grohmann
PARIS (Reuters) - Os membros da equipe olímpica de refugiados vão ter as suas vozes ouvidas ao redor do mundo durante os Jogos Olímpicos de Paris, aumentando a conscientização sobre os milhões de desalojados pelo globo, mas eles estão também mantendo a sua ambição na busca por medalhas, disseram os porta-bandeiras da equipe nesta terça-feira.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) reuniu a maior equipe de refugiados da história para os Jogos de Paris, com 37 atletas.
Os atletas, com origem em países como a Síria, Sudão, Camarões, Etiópia, Irã e Afeganistão, vai competir em 12 modalidades em Paris, na terceira vez que esse tipo de equipe foi criada para os Jogos Olímpicos.
"Quando ouvirem o nosso nome, a equipe olímpica de refugiados, refugiados de todas as partes do mundo vão nos reconhecer”, disse à Reuters a boxeadora refugiada Cindy Ngamba, nascida em Camarões e atualmente morando na Inglaterra.
"Somos vistos como uma equipe, como atletas, como guerreiros, como atletas famintos que são parte de uma família. Não temos medo, nem vergonha, temos orgulho de ser refugiados", acrescentou.
O COI criou a primeira equipe de refugiados para os Jogos do Rio, em 2016, com 10 atletas, com o objetivo de melhorar a conscientização sobre as centenas de milhares de pessoas que chegavam à Europa do Oriente Médio e de outras regiões tentando escapar da violência e da pobreza.
A equipe também competiu na Olimpíadas de Tóquio-2020, que aconteceu em 2021 por conta da pandemia de Covid, e a equipe foi quase três vezes maior, com 29 atletas.
A equipe de Paris, contudo, vai ser a maior e vai contar com o seu próprio emblema.
"Importa muito, 100%," disse Ngamba sobre o emblema. "A base está no time, na família. Ser (BVMF:SEER3) parte de uma família é o que importa”.
"Competimos individualmente no passado, 2 ou 3 de nós. Agora somos um grande grupo, uma família para representar a equipe de refugiados. Vamos manter o rosto altivo e ter orgulho da equipe que fazemos parte”, disse.
Para o também porta-bandeira Yahya Al Ghotany, que foi forçado a deixar a Síria e compete no taekwondo, a equipe manda uma mensagem de esperança. Al Ghotany começou a praticar o esporte quando estava em um acampamento de refugiados na Jordânia.
"É uma sensação indescritível saber que eu represento muitas pessoas que passaram pelo mesmo que eu tive que passar, que são como eu”, disse ele à Reuters. “Representar mais de 100 milhões de pessoas pelo mundo manda uma mensagem de esperança”.