Por Makini Brice
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que enfrenta novas críticas de democratas e ativistas pela maneira como lida com a crise imigratória na fronteira EUA-México, disse no Twitter na quarta-feira que os imigrantes insatisfeitos com as condições dos centros de detenção deveriam ser orientados a "não vir".
Parlamentares democratas e ativistas de direitos civis que visitaram centros de detenção de imigrantes ao longo da fronteira nos últimos dias descreveram um cenário de pesadelo, marcado pela superlotação e pelo acesso inadequado a alimentação, água e outras necessidades básicas.
Na terça-feira, o inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) publicou fotos de centros de acolhimento de imigrantes do Vale do Rio Grande, no Texas, com o dobro de pessoas para os quais foram construídos.
"Se imigrantes ilegais estão insatisfeitos com as condições dos centros de detenção construídos ou adaptados rapidamente, é só dizer para não virem. Todos os problemas resolvidos!", disse Trump no Twitter.
O presidente republicano fez da repressão da imigração ilegal um pilar da agenda de seu primeiro mandato depois de adotá-la como plataforma de campanha antes da eleição de 2016.
"As pessoas de nossa patrulha de fronteira não são funcionários de hospital, médicos ou enfermeiras", tuitou Trump anteriormente. "Grande trabalho da patrulha de fronteira. Muitos destes estrangeiros ilegais estão vivendo muito melhor agora do que... onde vieram, e em condições muito mais seguras".
As críticas à Agência de Alfândega e Proteção da Fronteira aumentaram depois de reportagens desta semana segundo as quais agentes antigos e atuais publicaram comentários anti-imigrantes ofensivos e contra parlamentares em um grupo privado no Facebook (NASDAQ:FB).
Na quarta-feira, o chefe interino do DHS, Kevin McAleenan, ordenou uma investigação das postagens, classificando os comentários como "perturbadores".
As postagens no Facebook, relatadas inicialmente pelo site ProPublica, incluíram piadas sobre a morte de imigrantes e conteúdo sexual explícito referente à deputada Alexandria Ocasio-Cortez, democrata que fez críticas contundentes aos centros de detenção depois de uma visita nesta semana.
O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, pediu a demissão de McAleenan e outros líderes de alto escalão da agência.
Após uma visita à fronteira nesta semana, o deputado democrata Joaquin Castro disse que os detidos não puderam tomar banho durante uma quinzena, foram privados de remédios e trancados em áreas com torneiras quebradas.
"Está claro que seus direitos humanos estão sendo negligenciados", disse o parlamentar texano aos repórteres em uma teleconferência.
(Por Makini Brice em Washington, Daina Beth Solomon, Diego Ore e David Alire Garcia na Cidade do México, Jonathan Allen em Nova York, David Alexander, Susan Heavey, Doina Chiacu e Eric Beech em Washington, Andrew Hay em Novo México e Dan Whitcomb em Los Angeles)