O nosso índice futuro depois de romper os 100 mil pontos, fechou a semana em acentuadíssima queda (-6,0%), devido às prisões do ex-presidente Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco (sogro do atual presidente da câmara dos deputados Rodrigo Maia), e às tensões entre este último com integrantes do governo Bolsonaro. Os eventos acima podem estressar demasiadamente o andamento da reforma da previdência, que é considerado essencial para o início da recuperação econômica e fiscal do país.
Rodrigo Maia já no início da semana acabou fazendo colocações duríssimas contra o ministro Sergio Moro, ao chamá-lo de 'funcionário de Bolsonaro' e ao dizer que o projeto anticrime apresentado pelo mesmo não passava de uma cópia da proposta apresentada anteriormente pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, trocou uma série de farpas com o atual presidente da república Jair Bolsonaro, sobre como o mesmo deveria se comportar de maneira geral e sobretudo no seu compromisso com a reforma da Previdência.
Conflitos como esse eram relativamente esperados no atual governo, já que o poder de articulação sempre foi um dos pontos de grande dúvida em relação à Jair Bolsonaro, principalmente pelas suas posições históricas, duras e polêmicas. 'Vendendo' uma proposta teórica de não utilizar a velha política "toma-lá-dá-cá" dentro de um ambiente acostumado à esse tipo de negociação, talvez este seja o grande desafio e a oportunidade ímpar para o presidente da república demonstrar a sua capacidade de contornar situações de embate realmente difíceis e relevantes.
Dentro do contexto acima, o IBOV futuro fechou a 6af com um Marobuzu (barra de muita força) negativo, rompendo para baixo o retângulo que marcava uma consolidação desde o início do ano, e o canal de alta marcado pelas linhas tracejadas em verde. Os próximos dias serão fundamentais para a efetivação ou não deste rompimento, que será claramente decidido com o acirramento ou amenização das tensões políticas criadas na semana que passou.
Com o cenário acima, e com o índice caindo de forma significativa, o dólar acabou fechando no patamar mais alto deste ano em 3,908 USD/BRL. Olhando especificamente para o índice do dólar, a figura de OCO (Ombro, Cabeça, Ombro, conhecido como um padrão de forte de reversão) se desfez totalmente, e o desenrolar da crise que se acentua neste momento também dará o tom nos próximos dias do comportamento da moeda americana frente ao Real.
O índice dólar (DXY) se manteve estável nesta última semana, e fechou praticamente no breakeven, dentro do intervalo que vem trabalhando desde o início do ano.
De acordo com a tabela abaixo, podemos ver como alguns ativos se comportaram na última semana, com destaque à alta no índice Shanghai contra praticamente uma queda nos principais índices do mundo.
Os índices americanos e o DAX também fecharam no negativo, principalmente na 6af, quando foram divulgados índices de atividade industrial da Alemanha, zona do Euro e nos EUA, estando todos eles um pouco abaixo da expectativa do mercado. Como ressaltamos na análise da semana anterior, nenhum desses índices conseguiu romper de forma definitiva uma importante região de resistência, conforme podemos ver nos gráficos abaixo. A possibilidade do acordo comercial entre EUA e China continua no radar dos mercados, e talvez seja o evento mais importante neste ano em termos de ambiente econômico global.
O preço do barril de petróleo seguiu os principais índices do mundo e fechou a semana em queda, depois de bater USD 60/bbl. Neste momento existem duas correntes distintas que acreditam que o preço da commodity deverá seguir caminhos totalmente opostos. Além disso podemos ver que a região de USD 60 costuma ser uma resistência bem importante, conforme a linha horizontal em verde abaixo.
Olhando para o calendário econômico, a semana terá eventos relevantes, como a ata do COPOM aqui no Brasil, que poderá dar indícios sobre uma possível redução da taxa básica de juros num futuro breve, PIB trimestral nos EUA, variação de emprego na Alemanha e inflação na zona do Euro. Sumarizamos abaixo, o calendário divulgado pela Investing.com, filtrando apenas os eventos que normalmente trazem mais volatilidade aos mercados.
Além disso, teremos a divulgação de resultados do 4o trimestre de 2018 de uma série de empresas, entre elas, Eletrobras (SA:ELET3), CEMIG (SA:CMIG4), Gafisa (SA:GFSA3), JBS (SA:JBSS3), entre outras.
Forte abraço, e....
Bora pra cima !!!