As relações entre EUA e China atingem um momento decisivo, após anos em que a economia chinesa foi alimentada com tecnologia americana, tornando-a um gigante na manufatura a custos reduzidos. Desde a administração Trump até a atual gestão Biden, a postura dos EUA frente à China endureceu.
Apesar disso, as tensões são mitigadas pela profunda interdependência econômica entre os dois países. Neste contexto, o presidente Biden assinou a Lei CHIPS e Ciência em agosto de 2022, estabelecendo incentivos significativos para a produção de semicondutores.
Esta legislação, com cerca de US$ 280 bilhões em fundos autorizados, destina US$ 52,7 bilhões para a pesquisa e fabricação de semicondutores, com US$ 39 bilhões especificamente para subsídios na produção de chips nos EUA, visando reduzir a dependência de componentes chineses.
Além disso, a Lei CHIPS propõe investir US$ 174 bilhões nos próximos cinco anos em tecnologia de ponta e na formação de uma nova geração de profissionais em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), incluindo US$ 24 bilhões em créditos fiscais para fomentar o crescimento do setor privado até janeiro de 2027.
Recentemente, em abril de 2024, o Gabinete do Programa CHIPS anunciou financiamentos de até US$ 17,6 bilhões para cinco empresas de semicondutores e subsídios de US$ 16,8 bilhões, sinalizando oportunidades de investimento em ações desse segmento, fortalecendo a resistência tecnológica dos EUA contra a China.
Taiwan Semiconductor Manufacturing Company Ltd.
Entre as beneficiárias, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company Ltd. (TSMC), apesar de não ser americana, possui uma presença marcante no Arizona. Revelou planos de um investimento adicional em uma nova fundição em Phoenix, de US$ 40 bilhões. Recentemente, recebeu até US$ 6,6 bilhões sob a Lei CHIPS do Departamento de Comércio dos EUA.
Apesar dos desafios, como um terremoto em Taiwan que afetou a TSMC, suas instalações essenciais de litografia ultravioleta estão seguras, promovendo uma aceleração nos investimentos para diversificar suas operações.
Nos últimos 30 dias, as ações da TSM tiveram uma performance estável, com um aumento anual de 42%. Com um preço baixo nos últimos 52 semanas de US$ 81,21, o valor atual de US$ 144,81 marca uma ascensão de 43%. A próxima apresentação de resultados da TSMC está marcada para 18 de abril de 2024, com expectativas de receita entre US$ 18 e US$ 18,8 bilhões, contra os US$ 19,62 bilhões reportados no trimestre anterior.
Analistas projetam um preço-alvo médio para as ações da TSMC de US$ 164,14 nos próximos doze meses, com estimativas variando entre US$ 133 e US$ 188 por ação.
GlobalFoundries Inc.
Para sua instalação em Malta, NY, a GlobalFoundries Inc (NASDAQ:GFS) foi agraciada com US$ 1,375 bilhão em subsídios e US$ 1,6 bilhão em empréstimos com condições vantajosas para ampliar suas operações e erguer uma nova fábrica. A companhia ainda beneficiou-se de um subsídio de US$ 125 milhões para sua unidade em Essex Junction, VT. A expansão prevista em Malta tem como objetivo triplicar sua capacidade produtiva de semicondutores.
Desde a última análise da GlobalFoundries, em dezembro, o valor de suas ações era de US$ 52, agora situando-se em US$ 51,59. Levando em conta o preço mais baixo em 52 semanas, US$ 48,12, as ações demonstram uma estabilidade, aspecto que nem sempre atrai os investidores de semicondutores.
Contudo, antecipa-se uma recuperação do mercado no segundo semestre de 2024, após o ápice do ciclo de correção de inventário. A prova disso é o lucro líquido da GlobalFoundries no quarto trimestre de '23, que foi de US$ 278 milhões, em comparação aos US$ 668 milhões no mesmo período de '22.
Apesar disso, com a confiança depositada pelo governo dos EUA e um decréscimo de 11% desde o início do ano, as ações da GFS configuram-se como uma oportunidade de exposição ao setor de semicondutores de longo prazo e baixo risco. O preço-alvo médio da Nasdaq para as ações da GFS está estipulado em US$ 57,88, frente aos atuais US$ 51,59. As previsões variam entre um máximo de US$ 63 e um mínimo de US$ 48 por ação.
Além da GlobalFoundries, a Microchip Technology (NASDAQ:MCHP) também é vista como beneficiária dos subsídios da Lei CHIPS, no valor de US$ 162 milhões, posicionando-se nesta categoria de crescimento estável e moderado.
Intel
Sob a sombra da AMD (NASDAQ:AMD), as ações da Intel Corporation (NASDAQ:INTC) viram um incremento de apenas 17,5% em valor num período de um ano, contra os 78% de retorno da AMD no mesmo intervalo. No acumulado do ano, a disparidade entre os eternos rivais se mantém, com as ações da AMD valorizando-se em 22% a mais, enquanto as da INTC desvalorizaram-se em 20%.
Ainda assim, a Intel emerge como a maior beneficiária dos subsídios da Lei CHIPS, recebendo um total de US$ 8,5 bilhões e US$ 11 bilhões em empréstimos, distribuídos por suas quatro instalações em Hillsboro, Chandler, Rio Rancho e New Albany. Apesar de resultados sólidos no quarto trimestre de 2023 e de superar as previsões de receita, alcançando US$ 15,40 bilhões contra os esperados US$ 15,15 bilhões, a orientação futura da Intel não agradou aos investidores.
Como a GlobalFoundries, a Intel prevê uma desaceleração nas vendas de seus segmentos de PCs e data centers. No entanto, assim como a Nvidia (NASDAQ:NVDA) fez a transição de uma empresa focada em GPUs para jogos para uma voltada a data centers, a Intel está se posicionando como fornecedora global de chips para gigantes como Apple (NASDAQ:AAPL), Meta (NASDAQ:META), e Nvidia. Recentemente, a Intel apresentou os chips Gaudi 3, otimizados para IA, que têm potencial para superar os chips H100 da Nvidia.
A curto prazo, a transição da Intel revela-se custosa, como evidenciado pelo adiamento da construção de uma fundição em Ohio em fevereiro, projeto este que custa US$ 20 bilhões. Contudo, se há uma empresa com potencial para ser a versão americana da TSMC, essa empresa é a Intel. Nesse sentido, a Intel já mostra avanços com o anúncio da tecnologia de processo 14A em fevereiro. Estes chips de 1,4 nm colocam a empresa à frente da tecnologia de nó de 3 nm da TSMC.
Dada a escassez de capital humano no setor e o endosso do governo dos EUA, os investidores devem levar em conta a promessa da Intel de tornar-se a segunda maior fabricante de chips do mundo em receita até 2030.
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