O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana novamente em baixa no vencimento outubro/2014 que encerrou a sexta-feira cotado a 15 centavos de dólar por libra-peso, um nível que nem o mais pessimista dos traders poderia apostar há seis meses, por exemplo. Os fundos continuam deitando e rolando com suas posições vendidas e não se acanharam a adicionar mais vendas a elas durante a semana. No acumulado do ano, o açúcar – que encerrou 2013 negociado a 16.41 centavos de dólar por libra-peso – já perdeu 8.6%
O derretimento do spread outubro/março mostra o quanto o mercado não quer o açúcar tailandês que deve ser o grande entregador do produto contra a expiração do outubro/2014 no final deste mês. Por outro lado, a situação da safra brasileira de cana que deve se encerrar com um volume em torno de 555 milhões de toneladas, acende a luz amarela para a disponibilidade de cana para o próximo ano tendo em vista que os investimentos e a expansão deverão ser desprezíveis.
No início de junho, a posição em aberto do vencimento julho representava àquela altura 37% da posição total. Por esse parâmetro, a posição hoje do outubro/2014 deveria ser de 330.000 lotes e está em 400.000, um excesso de 70.000 lotes. Uma boa parte desse excedente é de usinas que ainda estão para fixar suas posições contra o vencimento outubro/2014. Por outro raciocínio, levando-se em consideração o que já está fixado (veja abaixo) acreditamos que ainda existe um volume de um milhão de toneladas a serem fixadas ou na iminência de serem roladas para o vencimento março 2015. Que fase!!
A Agência Nacional do Petróleo divulgou o consumo de combustíveis do mês de julho. Foram 3.65 bilhões de litros de gasolina C (que contém o anidro misturado) e 1.01 bilhão de litros de hidratado. No acumulado de doze meses, compreendido pelo período de agosto de 2013 até julho de 2014, o consumo total alcançou 54.98 bilhões de litros, dos quais 11.84 bilhões de litros de hidratado, 10.78 bilhões de litros de anidro e 32.36 bilhões de litros de gasolina A (antes da mistura).
Em um ano, o consumo nacional cresceu 8.70% em relação ao mesmo período do ano passado, ou seja, 4.4 bilhões de litros, 90.6% de etanol. Nesse ritmo de crescimento acelerado, que coloca o consumo nacional crescendo à taxa média de 6.19% ao ano nos últimos cinco anos, se mantida essa tendência, para o ano safra de 2015/2016, o Brasil vai precisar de pelo menos mais 24 milhões de toneladas de cana apenas para atender esse consumo. O mix de combustíveis consumidos mantém o percentual de 41.1% para o etanol e 58.9% para a gasolina.
Tivéssemos mantido as condições favoráveis de 2009 quando o etanol era responsável por 54.5% de todo o combustível consumido pela frota nacional (Ciclo Otto), o Centro-Sul estaria moendo nessa safra corrente, de acordo com estudo feito pela Archer Consulting na época, 720 milhões de toneladas de cana. Para tal, teríamos mais de 30 novas usinas e investimentos próximos a 30 bilhões de dólares e a geração de mais de 100.000 novos postos de trabalho diretos e indiretos. Somem-se os investimentos que não vieram mais o etanol que deixamos de vender no mercado interno e chegamos à cifra de 50 bilhões de dólares.
Não chegamos nem perto disso. O setor encolheu pelo menos 20% nesses últimos anos, seja pelo fechamento de várias unidades industriais, seja pela falta de investimento coibida pela falta de política energética, pela falta de planejamento de longo prazo e pela falta de vergonha na cara do governo petista, formado em sua maioria por gente tecnicamente desqualificada e sem comprometimento com o futuro do país. O Brasil está pagando caro demais por doze anos de arrogância e vigarice petista.
O plano de governo de Marina, caso seja eleita, entusiasmou boa parte dos líderes do setor. Tanto é que as duas grandes do açúcar doaram para sua campanha, segundo o site Transparência Brasil, R$ 2.75 milhões. Afinal, soa como música ouvir que a candidata prega pela intervenção mínima do governo no setor e pela transparência nas regras para o desenvolvimento de energia de biomassa. Este escriba tem falado sobre essas questões há anos apontando que falta de transparência na formação de preços dos combustíveis tem afastado novos investimentos no setor.
É bom lembra também que o setor sempre construiu uma linha de diálogo com Marina desde 2010, quando Marcos Jank trouxe a então candidata para o Ethanol Summit. Não fazia sentido para um setor cujo DNA é energia renovável e meio ambiente não se aproximar de uma personalidade global nessa área como é o caso dela.
Na semana passada, o deputado Roberto Freire, presidente do PPS e um dos articuladores da Coligação em torno de Campos/Marina, impressionou um grupo de gestores de fundos presentes a um evento fechado promovido por uma instituição financeira. Existe uma enorme consciência entre os que apoiam Marina sobre o esgotamento do modelo aplicado pelo PT, qual seja, o do consumismo desenfreado com baixo investimento, além de uma clara percepção que existe a necessidade premente por reformas estruturais.
Num eventual apoio de Marina, assumindo que Aécio não decola, mesmo que para afastar de vez um governo medíocre, populista, dissimulado, farsante, prepotente, retrógrado, além de sobejamente incompetente, que só fez destruir os valores éticos e morais da sociedade brasileira é a confirmação da máxima de James Russell Lowell, poeta, escritor e embaixador norte-americano do século XIX, na qual dizia que “só os idiotas e os mortos não mudam de opinião”. Se vivo fosse e conhecesse a política brasileira, Lowell certamente incluiria um corolário adicionando a palavra “petista” à sua célebre frase.
O modelo desenvolvido pela Archer Consulting aponta que 82% da safra 2014/2015 já está fixada ao preço médio de 17.58 centavos de dólar por libra-peso, o que corresponde a aproximadamente 40,19 centavos de reais por libra-peso. O dólar médio obtido pelas usinas ao longo desta safra foi de 2.2864.
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