Nos últimos dias, uma mudança silenciosa, mas pesada, entrou em cena: a nova alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para remessas internacionais classificadas como transferência unilateral passou de 0,38% para 3,5%.
Se à primeira vista esses números parecem técnicos demais, deixa eu traduzir: isso representa um aumento de quase 821% no imposto.
Sim, você leu certo.
De R$3,80 para R$35 a cada R$1.000 enviados
Para quem envia R$1.000 ao exterior, seja para ajudar um parente, fazer uma doação, manter uma conta em outro país ou investir em patrimônio pessoal, o imposto saltou de R$3,80 para R$35,00.
NOTA IMPORTANTE: O IOF para conta investimento*, passou de 0,38% para 1,1%.
*Conta em corretora, conta saving e conta MMA (money market account)
É o tipo de aumento que não só pesa no bolso, mas levanta uma pergunta essencial: quem realmente será impactado?
Quem sente primeiro?
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Famílias com filhos estudando fora;
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Brasileiros que moram no exterior e ainda ajudam familiares no Brasil;
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Empreendedores globais que movimentam recursos entre contas próprias em diferentes países;
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Pessoas que constroem patrimônio lá fora, mas mantêm vínculo com o Brasil;
Esse imposto não é sobre grandes fortunas. Ele impacta diretamente o cidadão comum que busca alternativas para proteger seu patrimônio, estudar, ajudar familiares ou simplesmente ter uma reserva internacional.
E o efeito na economia?
A médio prazo, o impacto pode ser ainda mais amplo:
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Desincentivo à internacionalização de patrimônio Pessoas que antes transferiam recursos de forma legal e rastreável, agora repensam suas estratégias.
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Redução de remessas regulares O envio de valores mensais para familiares no exterior pode sofrer cortes, prejudicando também a economia de países que recebem esse dinheiro.
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Fuga para soluções alternativas O aumento do imposto pode incentivar o uso de canais não regulados ou criptomoedas, o que reduz a arrecadação e aumenta os riscos.
Um imposto que promete arrecadar, mas pode isolar!
É natural que o governo busque ampliar sua arrecadação, mas é preciso cuidado para que isso não desestimule a inclusão financeira global de brasileiros. Esse tipo de medida, quando mal calibrada, pode acabar isolando economicamente uma parte da população que já lida com o câmbio alto e burocracia cambial.
Em tempos de globalização e fronteiras financeiras cada vez mais abertas, aumentar o custo de enviar dinheiro para fora pode parecer um contrassenso. É mais do que um imposto: é uma barreira para quem quer construir uma vida com liberdade e planejamento financeiro.
Num momento em que o Brasil busca crescimento e eficiência fiscal, entender a Curva de Laffer é essencial para não cair na armadilha de “aumentar o imposto por aumentar”. Às vezes, a solução está no equilíbrio, não na elevação.