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A alta da Selic e o futuro dos negócios no Brasil

Publicado 14.12.2024, 10:30

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano marca um movimento significativo na política monetária brasileira. Este ajuste de maior magnitude, o terceiro consecutivo de 100 pontos-base, reflete a necessidade de conter a inflação e reconduzi-la às metas estabelecidas. Contudo, esta política contracionista tem efeitos diretos e indiretos sobre os negócios, a economia real e, inevitavelmente, sobre as responsabilidades fiscais do governo.O Peso da Selic Elevada nos Negócios

Uma Selic elevada tem implicações imediatas para os custos de financiamento. Para empresas que dependem de crédito para expandir suas operações ou equilibrar o fluxo de caixa, o aumento dos juros encarece os empréstimos e reduz a margem de manobra. Isso afeta principalmente micro, pequenas e médias empresas, que têm menor acesso a taxas mais competitivas.

Adicionalmente, o custo elevado do capital reduz os incentivos para investimentos, impactando o crescimento do setor produtivo e a geração de empregos. Setores como construção civil, varejo e indústrias intensivas em capital são particularmente vulneráveis. Ao mesmo tempo, consumidores também sentem o impacto: financiamentos habitacionais, crediário e outras formas de crédito pessoal tornam-se menos acessíveis, comprimindo a demanda agregada.A Responsabilidade Fiscal Como Complemento Essencial

É crucial que o governo atue em paralelo, cumprindo seu “dever de casa” ao adotar medidas fiscais que complementem a política monetária. A responsabilidade fiscal é indispensável para aliviar a pressão sobre os juros e evitar um ciclo vicioso de desancoragem das expectativas de inflação.

Cortar custos e melhorar a eficiência dos gastos públicos são caminhos fundamentais. Em vez de aumentar despesas que elevam a dívida pública e pressionam o risco-país, é necessário priorizar investimentos produtivos, como infraestrutura e educação, que promovem crescimento sustentável no longo prazo.Reformas Estruturais e Confiança dos Mercados

A agenda de reformas estruturais também deve ser acelerada. Medidas como reforma tributária, simplificação burocrática e estímulos à competitividade podem mitigar os efeitos negativos da Selic elevada. Além disso, a percepção dos mercados em relação ao compromisso do governo com a disciplina fiscal influencia diretamente as expectativas de inflação e a dinâmica do câmbio.

Sem essa contrapartida, o esforço do Banco Central pode ser insuficiente ou mesmo contraproducente. A combinação de juros altos e descontrole fiscal cria um cenário de estagnação, onde o custo de controlar a inflação recai sobre a atividade econômica e a população.Perspectivas e Recomendações

Os próximos meses serão cruciais para avaliar os desdobramentos dessa política monetária mais agressiva. Enquanto o Banco Central ajusta os juros com base em dados e projeções, é imprescindível que o governo faça sua parte para promover um ambiente macroeconômico estável.

Empresários e investidores devem monitorar de perto os movimentos do Copom e as ações do governo, ajustando suas estratégias para mitigar riscos e aproveitar oportunidades em setores menos sensíveis a juros altos. Por outro lado, consumidores devem buscar educação financeira para navegar este período de maior custo do crédito.

A mensagem central é clara: combater a inflação requer ação coordenada. Política monetária e fiscal precisam trabalhar juntas para garantir que o esforço de estabilização dos preços não comprometa o crescimento econômico e o bem-estar da população.

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