Junte-se a +750 mil investidores que copiaram as ações das carteiras dos bilionáriosAssine grátis

A Batalha da Produção Brasileira

Publicado 06.08.2013, 11:27
Atualizado 09.07.2023, 07:32
ZS
-
ZC
-
FAZI
-

Parece estranho falar em "batalha da produção", mas é assim que tem sido para os produtores, enfrentando uma guerra que dura mais de 50 anos. A cada safra, um novo combate, no qual os opositores são os mesmos: falta de infraestrutura de transporte e armazenamento.

Este ano, a batalha se repete e o pior é que o inimigo se apresenta maior, como os milhares de toneladas de grãos sem armazém em Mato Grosso e no Centro-Oeste. Não só soja produz o MT. A produção de milho dobrou nos últimos cinco anos, saindo de 8,5 milhões de toneladas para 17,3 milhões de toneladas.

Em 2013, o Brasil demonstra sua vocação de grande produtor de milho, mas, infelizmente, a cada tonelada adicional produzida uma grande pressão é feita nos preços. De importador de alimentos passamos a exportador, mas com o excedente produtivo fortemente concentrado no Centro-Oeste, localizado a 2 mil km do porto.

O frete, por sua vez, segue em alta, pressionado pelas péssimas condições das vias e por portos ineficientes. Enquanto os produtores de grãos na Argentina e nos EUA precisam transportar a produção nacional de soja e milho por, no máximo, 400 km de caminhão, seguindo o resto do caminho de trem ou pelo modal aquaviário, no Brasil o cenário é outro: em média é preciso percorrer 1.100 km até os portos, sendo que no Centro-Oeste essa distância supera os 2 mil km.

A falta de uma logística de transporte adequada é agravada pela falta de armazenagem. Segundo a FAO, o País precisa ter 1,2 vez sua produção de capacidade estática de armazenagem. Nos Estados Unidos a capacidade é de 130%; no Brasil, de 74%, com o agravante de apenas 14% serem na propriedade, ante 42% nos EUA. Fatores como esse geram pressão na comercialização e os produtores se obrigam a comercializar no pico da colheita, a preços menores.

O setor produtivo comemorou a nova linha de armazenagem anunciada no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário - a ideia é guardar 100% da safra. O plano disponibiliza valores muito próximos da necessidade real de investimento para construir armazéns. São R$ 5 bilhões de imediato, mais R$ 5 bilhões nos próximos quatro anos, totalizando R$ 25 bilhões. Mas, agora, estamos vivendo outra batalha, que é ver este plano se realizar na prática. O Ministério da Agricultura tem defendido a produção brasileira.

Mas, infelizmente, para os outros setores do governo a área produtiva não é tida como prioritária, pois, quando buscamos um entendimento com as autoridades, mesmo diante do nosso potencial produtivo e das dificuldades, há sempre uma forte resistência. Ainda que seja demonstrado que, nos EUA, se gastam US$ 25/toneladas no transporte de grãos e, no Brasil, US$ 85/t, muitos tratam nossa pujança como se fosse um mal. Vale lembrar que a falta de competitividade não é só do Centro-Oeste.

Os quilômetros rodados no Sul do Brasil, como no Paraná, são os mais caros se comparados a outros países produtores. É inadmissível a soja sair de Toledo (PR) e ir de caminhão até o porto. Resumindo: produtores de todo o Brasil pagam um custo alto pela ineficiência logística e portuária. E o pior parece estar por vir: os problemas logísticos e de armazenagem foram grandes, mas longe do que pode acontecer nesta próxima safra. Este ano, os preços dos grãos estão menores e os custos de produção 26% maiores, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea).

Com preços altos, soja e o milho têm suas exportações aceleradas e um navio pode se dar ao "luxo" de ficar 60 dias para carregar. Com preços baixos, porém, o comprador procurará sem dúvida portos mais eficientes. O Brasil é um país com vocação para a exportação de commodities e isto faz nossa balança comercial ficar positiva.

O que nos causa indignação é que falta comprometimento com o produtor: se o governo realizasse o que realmente é prioritário e urgente, como concluir a BR 163, por exemplo, estaríamos dando passos certos e, assim, as "batalhas" seriam mais justas.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.